BOA-VIDA

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Antes que o inverno acabe e a aproveitar que o frio em Inglaterra está menos intenso que em anos anteriores, vale a pena procurar tarifas mais baixas e voar até Londres para um fim de semana.

Há pelo menos cinco voos diários da Tap, três de British Airways, sem contar os que se podem fazer com a Iberia, via Madrid, e as companhias low cost. O facto é que existem sempre pretextos para ir a Londres, e tanto se pode passar um fim de semana intenso, como relaxante. Certifique-se que vai chegar por Heathrow ou Gatwick, pois assim a deslocação para a cidade fica mais fácil. Por Heathrow entra logo no metro, mas por Gatwick apanha um comboio suburbano que o leva à estação de King's Cross / St. Pancras, por algo como 10 libras e com direito às vistas do caminho. Evite o autocarro ou outros meios: serão ainda mais caros.

Seria melhor se pudesse aproveitar para ir na sexta. Todos os grandes museus de Londres são gratuitos, abrem até mais tarde neste dia e têm algum tipo de programação nocturna. O Victoria & Albert, por exemplo, se já não bastasse ter enormes galerias que reúnem arte de todas as técnicas, tem em todas as últimas sextas-feiras do mês uma programação musical. No hall instala-se uma verdadeira rave e diversos Dj's se revezam a passar música. No átrio interno, bem como na ala direita o mesmo panorama.

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Se não quiser essa confusão, pode sempre deslocar-se aos andares superiores, onde tudo colabora para a sua visita. No V&A destacaria a lindíssima colecção de obras de vidro e a monstruosa colecção de cerâmica. Ambas cobrem desde os albores da humanidade até à contemporaneidade mais emergente. Vai ficar impressionado com o que se pode fazer nestes materiais.

Há ainda uma interessantissima exposição de vestuário e moda desde a viragem do século XVIII para o XIX até aos anos 1980.  As peças estão fantasticamente escolhidas e conservadas. O V&A tem obviamente pintura, escultura e um senso pedagógico incrível que nos proporciona interacção com as obras e a experiência da criação artística com apoio multimedia em diversos pontos do prédio. Conforme o seu grau de interesse, vale a pena voltar ao museu mais vezes.

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Outra opção para a noite de sexta está na região da Trafalgar Square (Charing Cross station). À sextas a soberba National Gallery está aberta até às 22h. É dispensável dizer o que está lá dentro, pois vai ver muitas imagens que têm povoado o seu quotidiano desde  há muito tempo. A National é muito eficaz na divulgação do seu acervo. Vai compreender isto perfeitamente quando terminar a visita pela loja do museu: absolutamente fantástica! Saindo da galeria e subindo pela sua esquerda pela Charing Cross, estará na zona de muitos teatros de tamanho variado e que programam na sua maioria musicais, mas encontrará também teatro declamado.

Se escolher entrar pelo Soho, há um mundo de pubs à sua espera. Se for na direcção oposta, em direção a Covent Garden, não se arrependerá pois encontra muitos restaurantes para diversos paladares e bolsos. Na manhã de sábado pode fazer uma visita à feira de Portobello em Notting Hill, mas se este não for o seu estilo, há um passeio alternativo ao ar livre.

Desça na estação London Bridge e siga as indicações para caminhar até à Tate Modern gallery. No caminho verá logo a Southwark Cathedral, rara construção gótica de Londres. A partir dela o passeio é muito simpático e quase sempre pela margem do Tamisa. No  meio da arquitetura de tempos idos encontra a mais contemporânea, do lado de cá e de lá do rio. O célebre Globe Theatre, onde estrearam diversas obras de Shakespeare, está de pé e novamente activo. Pode com sorte conseguir bilhetes para a noite. Toda a programação é boa, quase sempre teatro declamado, mas de vez em quando há ópera barroca.

A Tate Modern estará no fim do seu trajecto pelo southbank. A visita à colecção é obrigatória para os que gostam de arte contemporânea. A galeria dispôs a sua coleção em quatro eixos temáticos, fugindo da costumeira arrumação cronológica. Verá pelo menos quatro autores lusófonos, de onde se destaca Vieira da Silva, ali sob a consideração de uma das mais importantes influências do pós-guerra.

A exposição temporária de Paul Klee é atractiva, embora muito cara. Entretanto, como a Tate também é gratuita, talvez queira investir nesse anexo. Ao sair de lá, cruze a ponte em frente que o leva ao northbank. Em poucos passos estará na St Paul Cathedral, a linda obra neoclássica religiosa de Londres. A visita é igualmente gratuita e se for às 17h poderá assistir ao Choral evensong, ou seja o culto cantado pelo coral masculino da catedral. Um concerto de primeira ordem. A noite de sábado pode ser a oportunidade de ir a Camden. O bairro é boémio, mas singuarlmente conhecido por abrigar os tipos mais freaks, weirds e bizarros que já viu. São tantos que não seria errado dizer que ali os esquisitos somos nós.

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Se o verão cair num domingo, como diz a anedota inglesa, e fizer sol, pode querer ir ao Hyde Park ou aos Kensington Gardens. Londres tem muitos e bons parques dentro da malha urbana. O passeio ao ar livre pode incluir as imediações, que no caso de Hyde Park incluem o Marble Arch e a célebre Oxford Street. Para os que gostam de música erudita, duas ruas acima da Oxford está o Wigmore Hall, na rua homónima. Se o dinheiro está curto, talvez seja melhor passar numa boa loja de CD's. A Harold Moore, na travessa paralela à Oxford Street, já no Soho, é especializada e tem uma secção só de música contemporânea.

Antes que a tarde acabe passe na Foyles, a grande livraria de cinco andares na Charing Cross. O último andar é só música, com discos, vídeos, partituras, livros obviamente, e até um hall de lançamentos. A secção de arte é igualmente tentadora. Aliás toda a livraria é uma perdição para o cartão de crédito.

Se ainda cabe alguma coisa no seu fim de semana, caso não tenha optado por alguma das indicações, há duas escolhas que não se irá arrepender: o British Museum e a Tate Britain. O primeiro é celebérrimo e já valia ir a Londres passar o fim de semana todo lá dentro. A Tate Britain é mais ou menos como ir ao Vaticano  e não ver o papa. Nesse caso o sumo pontífice é a colecção de pintura de William Turner: simplesmente sem palavras! Se o seu ponto nevrálgico é a arte contemporânea, sem problemas: fique no mesmo prédio e mude de ala, para ver a impressionante colecção de Henry Moore. Detalhe: British e Tate também são integralmente gratuitas!

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A parte difícil em Londres é seguramente comer. A culinária local é no mínimo exótica (kidney pie, etc), mas há sempre restaurantes italianos e do médio oriente para salvar a situação. Só não espere que seja barato. Tudo em Londres é caro ou muito caro. Não se come por menos de 10 libras, creia. O alojamento vai variar obviamente consoante o seu bolso. Mas um espaço decente para duas pessoas por menos de 100 libras é quase impossível. Os melhores hotéis ou estão distantes, ou fora de mão ou são caros de assustar. No regresso ao aeroporto, lembre-se de sair com algum tempo. Embora os transportes de Londres sejam muito eficientes e seguros, leva-se imenso tempo a atravessar tais distâncias.

De resto, ficará apenas com a sensação de que o fim de semana foi demasiado curto para o que a cidade oferece e que a volta urge que aconteça logo.

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