Fotografias: António Néu.
No dia que antecedeu a inauguração oficial do Centro de Arte Quetzal, a Umbigo foi ao Alentejo conhecer este projeto pluridisciplinar: adega, museu e restaurante onde o ambiente de luz natural generoso e agradável, reflete os tons quentes terra e o verde das vinhas.
Na visita os anfitriões Reto Jörg (diretor da quinta) e Rui Reguinga (enólogo responsável) deram-nos a conhecer o edifício de construção recente com dois níveis: em baixo o Centro de Arte de Quetzal, em cima o restaurante e a loja onde se pode adquirir produtos locais, alguns objetos de design e os vinhos produzidos na Quinta.
Organizada como uma visita aos vários espaços: adega, restaurante e centro de arte, é-nos apresentada a sua história, a especificidade do microclima da Vidigueira e as castas – escolhidas e plantadas de acordo com a altitude e caraterísticas do terreno – não faltando o facto de os romanos por lá terem passado.
Do telhado da adega, onde os olhos alcançam mais horizonte, compreendemos melhor o que nos é dito observando as diferenças do terreno e as direções das vinhas plantadas em linhas paralelas. Do terreno as uvas chegam até ao telhado, onde são escolhidas manualmente e depois dirigidas, através de mangas, para os diferentes barris. Descemos os quatro níveis da adega, onde se expõem as técnicas e os saberes de produzir os diferentes vinhos. Rui Reguinga fala inclusive da qualidade dos barris, onde são produzidos e compara estes com outros que encontrou na Toscânia em Itália. Reto Jörg chama-me a atenção para a música clássica, que acompanha a nossa visita e brinca dizendo que a música clássica influencia positivamente a maturação do vinho tinto.
Mais tarde, somos convidados a jantar e aí pudemos apreciar os vinhos da Quinta Quetzal que se juntaram aos pratos do chef Pedro Mendes. Estes servidos em ordem de qualidade crescente acompanharam um ambiente agradável numa variedade de aromas equilibrados tendo como pano de fundo a bela paisagem alentejana na noite mais quente de verão.
Conversámos com Pedro Mendes a propósito das suas escolhas na cozinha. Não esquecendo a sua costela alentejana, o chef valoriza uma cozinha de proximidade, onde o produto pode ser encontrado num raio de 50 quilómetros e refere que a base e a essência tem raízes na cozinha tradicional alentejana onde se pretende combinar os produtos com os vinhos da adega, usando-os inclusive para cozinhar. Pedro favorece o produto sazonal e na parte da frente do restaurante criou uma pequena horta que alimenta o restaurante, na cadência das estações.
Assim, com um projeto inclusivo com esta natureza, a Quinta de Quetzal apetece, apetece voltar.