CINEMA

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Eu sou uma pessoa que vai ao cinema de forma irregular. Tanto passo meses sem entrar numa sala de cinema como depois tenho ataques compulsivos de cinefilia. No meio de tudo isto há um festival de cinema que me arranca de casa violentamente: o Motelx. Sou um aficionado do terror desde que estava no útero e devo ter achado bastante piada ao sangue todo do parto, mas não me lembro. De qualquer forma, a minha fome é satisfeita todos os anos em grandes barrigadas de cinema de horror neste festival que aterroriza o Cinema São Jorge em Lisboa. E escrevo agora sobre isto, semanas depois de encerrar a edição deste ano, aparentemente fora de tempo, porque depois de ter ido ao Queer e de ter mais uma vez enriquecido a minha cultura com o mais imbecil projecto de que há memória pelas mãos de James Franco (Interior. Leather Bar), apercebi-me de que estes períodos de cinema aos magotes no São Jorge são de uma preciosidade imensa.

Interior. Leather Bar

E é isto que pensei, mas no que diz respeito aos festivais de cinema que consumo quis voltar ao Motelx. Isto para dizer que a edição deste ano foi talvez a melhor dos últimos anos, com uma selecção de filmes muito mais cuidada. Em vez da esfalfada comédia de terror que tem proliferado nas últimas edições e que me fez sair da sala a meio do filme várias vezes, este ano os filmes que vi foram de terror a sério. O destaque vai certamente para o filme Kiss of the Damned, de Xan Cassavetes.

Kiss of the Damned

Vampiros em grande estilo, com cenário romântico e pesado, soturno e cheio de classe. Muito bem filmado, muito bem interpretado e com um argumento que é uma história de amor intemporal, com ou sem sangue. O mais curioso deste festival foi a secção “O Quarto Perdido”, com alguns filmes portugueses como foi o caso de A Promessa (António de Macedo, 1973) e O Crime de Aldeia Velha (Manuel Guimarães, 1964) que apesar de não fazerem grande sentido em festival de filmes de terror, foram momentos raros de fitas perdidas no tempo.

O Crime de Aldeia Velha

Os Insensíveis, A Invocação e Open Grave são também escolhas acertadas. Portanto, quem não foi aproveite estes títulos e procure ver, seja no cinema, na cinemateca, em dvd, em aluguer ou como conseguir. No rescaldo do Queer e a caminho para o Doclisboa, sinto-me contente por ver que há lugares em que a cultura ainda não morreu. Viva o São Jorge!

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