CINEMA

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Os filmes do Woody Allen são uma predileção. São imensas as críticas à sua cinematografia recente. O seu último grande filme foi o Match Point (2005), ou seja, já ultrapassou uma década, e mesmo este parece estar muito aquém dos seus melhores. Mas vejamos, será que Woody Allen continua a ser um realizador essencial? Sou levado a concluir que sim. O génio esmoreceu mas continua lá e são poucos os que o conseguem suplantar.

Vi recentemente Irrational Man o que confirma a minha perceção: Woody Allen pode não ombrear com o seu melhor mas continua a ser obrigatório. Não é só a verve nos diálogos, Woody Allen traz obsessivamente os mesmos temas, mas isto não os torna mesmos irrelevantes, nem oblitera o facto que ainda há engenho nas suas criações. São raros os cineastas com este talento e ainda mais raros os que se preocupam genuinamente com o problema do mal e a moralidade.

Irrational Man é uma história moral. Eça de Queiroz deu-nos o Mandarim, Woody Allen dá-nos um professor de filosofia, Abe, que decide executar uma ação moral. E como as coisas não podem ser simplistas, esta ação moral é um assassinato. Abe acredita que a morte de um juiz preconceituoso pode tornar o mundo melhor e mais justo. Não é um conceito estranho se pensarmos bem. As suas intenções são aparentemente altruístas. Ele ensina ética nas suas aulas, mas acredita que sem ação a ética é algo sem significado, pode ser somente um conjunto de palavras beneméritas sem efeito nenhum. Acabamos por ficar a saber que isto não é bem assim. Todas as nossas ações têm consequências e que as melhores das intenções podem vestir-se de altruísmo ou humanismo, porém, tudo o resto não é nada mais do que interesse próprio ou vaidade. O que é uma bela lição, pertinente e perfeitamente adequada aos tempos modernos.

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