MÚSICA

  • none
  • none
  • none
  • none
  • none

Fotografias: Ricardo Dias.

Foi difícil apanhá-los todos !

A febre do famoso jogo Pokemon Go está oficialmente instalada. Para quem não sabe, este é um jogo mobile que consiste em apanhar pocket monsters e toda a gente anda nas ruas, de telemóvel na mão, a ver quem apanha mais.

Realidades virtuais à parte, este primeiro dia do festival à beira Tejo, também foi mais ou menos assim.

Telemóveis na mão, ora procurando amigos perdidos no recinto ou consultando os horários em busca do melhor concerto, foi difícil acompanhar esta correria.

E é neste sentido que o SBSR se transformou num festival diferente daquele pelo qual nos apaixonámos no Meco, em dias cheios de maresia e tardes estendidas ao sol. Assistimos agora a um festival citadino, rodeado por infraestruturas arquitetónicas claras e modernas, palcos cobertos e plateias mescladas. Nesta rentrée, meio cheia, houve quem viesse pela música e outros apenas pelo convívio.

Não podemos falar em convívio sem falar de The National.

Please let me get what I want dos The Smiths foi o toque de chamada para Matt Berninger entrar em palco, de cabelos longos e entregar-se por completo a uma plateia com saudades.

SBSR2016-8
The National

Há esta coisa quase transcendental que Matt faz connosco sempre que o ouvimos cantar: exorciza os seus demónios e nós adotamos os dele. É esta melancolia boa, quase masoquista, que gostamos nele. Num concerto preenchido pelo álbum mais recente Trouble will find me (2013) encontrou-nos a todos com vontade de o abraçar. E abraçámos! Um front man é assim, desce do palco e faz parte da multidão, cantando e transpirando connosco. Bloodbuzz Ohio e Terrible Love (High Violet, 2010) e Slow Show, Mr. November e Fake Empire (Boxer, 2007) foram os hinos do seu império que mais alto soaram no Meo Arena (a par com os cânticos de festejo do público sobre vitória no Europeu). Um palco cuja acústica continua a falhar redondamente, não deixando o som brilhar como lhe é devido.

Essa falha ressentiu-se também no concerto de Disclosure. Que apesar de um problema técnico, que resultou num interlúdio de 10 minutos, encantaram os fãs com um espetáculo incrível de VJing. Visuais bonitos e afinados com a banda sonora, são a imagem de marca dos irmãos britânicos que nos levantam sempre os braços no ar. Não faltaram êxitos como Latch, White Noise ou When a Fire Starts to Burn, nem convidados surpresa como Kwabs (que atua hoje no palco EDP) e Brendan Reilly.

SBSR2016-6
Disclosure

Jamie XX, tocou à mesma hora que The National. Apresentou um set bastante esquizofrénico, mas interessante, de remisturas do seu álbum mais recente In Colour (2015). Entrou com pujança, bass adentro, e logo a seguir viajámos até ao Hawai em batidas tropicais, ouvindo-se ao longe a voz de Gill Scott Heron com I’ll Take Care of You e sim, a música tomou bem conta dos nossos pés! Por entre clássicos Disco ou o Grime londrino entraram Gosh ou I Know There’s Gonna Be (Good Times) que não podiam faltar na pista.

SBSR2016-7
Jamie XX

Já no final, a procissão levou os que ficaram até mais tarde, ao palco Carlsberg para bailar com Bomba Estéreo, banda colombiana levada a cabo pela dupla Liliana Saumet e Simón Meijía. E naquela sala, no meio do público, viram-se todos os pares de dançarinos e amantes, enrolados na Elegancia Tropical (2012) da cumbia psicadélica que agitou o início do Amanecer (2015).

Hoje faz sol e o tempo está quente lá fora, mas passou-nos uma nuvem negra que nos arrefeceu o coração, que hoje vai bater um bocadinho por Nice, em França.

As jardineiras do Mac DeMarco, o regresso dos Massive Attack e o aconchego de Ryhe vão reconfortar-nos esta noite.

ARTIGOS RELACIONADOS

Música

Newsletter

Subscreva-me para o mantermos actualizado: