É uma das editoras de música eletrónica mais interessantes em Portugal e comemora este mês o seu 5º aniversário.
Foi em setembro de 2011 que três amigos se juntaram para criar a Extended Records. Nasceu com o propósito de descobrir novos talentos da música eletrónica portuguesa numa altura bastante fértil em crescimento na música de dança. No entanto, a falta de plataformas para suportar esta vaga de artistas, levou Sebastião Pinto, Gonçalo Neto e João Frederico a formar um coletivo.
A vontade de fazer acontecer tornou o coletivo numa editora, um ano depois da sua formação. E não dormiram descansados até lançar Sleepless Nights de Mike Bek, o primeiro dos muitos EP’s que já se contam. House, Electro, Techno, 2Step, Post-Dubstep, todas as sonoridades da eletrónica são bem vindas aqui. Residem no sul e mantêm alicerces do norte e como tal, já conquistaram o Café au Lait no Porto, o Lounge e o Musicbox em Lisboa.
Dominaram a pista também a céu aberto em festivais como o Neopop, o Marés Vivas e o Milhões de Festa e em fevereiro, encarregaram-se da curadoria de uma noite dedicada à Extended, no Lux Frágil.
Para 2017, já têm o Lisboa Eletrónica marcado na agenda. O primeiro EP de Early Jacker, Elite Athlete e Zentex são algumas das crown jewels da Extended. Mas o que consideram ter sido a rampa de lançamento da editora para o "pequeno estrelato" foi a compilação dupla de artistas como Sabre, Rompante, Bababa, Lieben, Citizen:Kane e Inês Duarte.
Em novembro, para acabar o ano em grande e para mostrarem que em 5 anos ficaram crescidinhos, vão estrear-se na produção com artistas como Alfonsvs, Ritz, Caroline Lethô, Azul Revolto, Tsuri, entre tantos outros e eles próprios que se juntaram em estúdio para lançar Discos Extendes.
Por toda a sua extensão ao nível de artistas, lugares, projetos e por toda a música e corpos que fazem efervescer, a Extended está de parabéns e vai dar que dançar de norte a sul. No Sábado, dia 29, a paragem é no Lounge em Lisboa. No mesmo dia vão estar no Porta Onze, em Monção, e sexta-feira, dia 28, tomam conta do Café au Lait no Porto. Estão todos convidados para comemorar em grande e estender estes 5 anos de vida!
Cinco anos dão direito a cinco perguntas e nós fomos entrevistar um dos fundadores, Sebastião Pinto.
Como surgiu a ideia de se juntarem para formar um coletivo?
Na altura do liceu conheci o Gonçalo e o João, dois miúdos parvinhos mas com uma cultura musical muito boa, com quem rapidamente vim a desenvolver uma longa amizade. Quando não jogávamos Poker, passávamos as noites até às tantas a gravar mixtapes de electro no computador ou na frontline do Lux Frágil em noites da Discotexas e da D-Side do Gunrose. Ganhámos o bichinho da mistura e, de certa maneira, inspirados pela Ed Banger, surgiu a ideia de nos juntarmos e de formarmos um colectivo para podermos trabalhar em conjunto e conseguir datas para tocar em bares e discotecas, produzir a nossa própria música e editar os artistas que, como nós, não tinham a quem se juntar para produzir e editar as suas músicas. Este coletivo mais tarde viria a chamar-se Extended Records.
Quais foram e continuam a ser as vossas inspirações?
Começámos a Extended com interesses musicais comuns que reunia um pouco de tudo, desde o rock clássico ao post-rock, passando pelo disco e pelo electro e acabando no dubstep e no dnb. Entretanto começámos a criar uma identidade mais própria, o João hoje em dia foca-se nas sonoridades mais obscuras do disco e do house, o Gonçalo é um digger nato e nestes cinco anos acumulou discos de um pouco de tudo mas com geral preferência no house e no techno e, se for caso disso, ainda passa Mr. Oizo e Erol Alkan nos seus sets. Eu, por outro lado, dividi-me em vários alter-egos, sendo o Lieben dedicado às sonoridades mais agridoces do house e as restantes ao pop, funk, juke e hip-hop. Continuamos a lutar pelos mesmos princípios morais e profissionais com que começámos este projeto, somos indivíduos independentes e auto-didatas e acreditamos que juntos conseguimos lutar por algo maior.
Como é que escolhem os artistas com quem trabalham?
O repertório da editora é selecionado por mim e pelo Gonçalo. Conhecemos os artistas em bares e discotecas, ou através de demos no e-mail ou através das redes sociais (facebook, soundcloud e mixcloud) e quando a coisa é boa entramos em contato para discutir um possível lançamento.
Há espaço e mercado para a música eletrónica em Portugal?
Desde que haja interesse vai sempre haver mercado. Apesar de a crise as pessoas continuam a sair muito à noite, o que faz com que haja uma crescente procura por eventos de música eletrónica. Cabe agora aos promotores e aos programadores culturais prezar pela diversidade e pela inovação musical e não cair na tentação de imitar o que se faz “lá fora”. Um bom exemplo é o Lisbon Dance Festival - agora chamado de Lisboa Eletrónica - que aproveita para dar destaque às editoras portuguesas e organizar workshops e conferências enquadradas na temática da música eletrónica.
Tem-se falado cada vez mais no papel da mulher como DJ. Estamos efetivamente no bom caminho? É uma questão que vos preocupa?
Acho que sim, não penso que estejam em grande desvantagem em relação aos homens, pelo menos em Portugal. A música permite a qualquer pessoa passar a sua mensagem, quer seja mulher ou homem, hetero ou gay, gótico ou hipster. Existem imensas mulheres com talento a produzir e a passar discos em Portugal, cada vez mais.
Isto não é uma entrevista de emprego mas…onde é que se vêem daqui a cinco anos?
Isto não é uma resposta séria mas… no melhor dos cenários, daqui a cinco anos o Gonçalo é um DJ e um booking agent de renome, o João irá ser convidado a desenhar uma nova estação de metro algures em Lisboa, e eu estarei a gerir várias editoras de sucesso numa herdade no Alentejo. É melhor não falar no pior dos cenários porque senão a coisa fica feia.