Depois do ataque massivo (e certeiro) à sociedade actual, escrito em projecções luminosas, no concerto que os antecedeu (Massive Attack), onde se ouviram temas que ecoam na nossa memória dos anos 90 seja por terem sido ouvidos em séries televisivas, anúncios da Hugo Boss ou por outra razão qualquer, foi a vez dos irmãos Lawrence lançarem fogo na plateia. E quando o fogo começa a queimar (Fire Starts to Burn), começa a espalhar-se e nem barulhos em branco (White Noise), o podem parar.
Aqui refiro-me ao único incidente do concerto de Disclosure, quando o som falhou, por motivos técnicos, na música onde entra a voz de Aluna Francis. Mas só e apenas durante esses cinco minutos o público parou de dançar, como se tivesse sido um intervalo para recarregar baterias de um concerto cheio de power. Foi com o tema cantado por Mary J. Blidge, F For You, que começaram a tocar para nós. Disclosure era provavelmente a banda mais esperada pelo público na sua generalidade. Uns foram ver Tame Impala ou Metronomy, outros Massive Attack, mas quase garantidamente toda a gente quis dançar ao som da banda britânica, porque pode não se apreciar os pratos principais, mas nunca se recusa a sobremesa. Pela segunda vez em Portugal, após terem apresentado o albúm Settle o ano passado, no Optimus Alive, voltaram agora ao Meco, carregando o peso de serem uma das bandas mais aclamadas do panorama electrónico internacional. O set fez vibrar o público resistente ao frio e às horas tardias com You and Me, tema do qual participa a voz doce de Eliza Doolitle, Latch a derreter os corações dançantes e ainda nos ajudaram a perder a cabeça com Help me Lose my Mind.
Num frente a frente entre Howard, encarregue dos enxertos rítmicos, e o seu irmão Guy, a comando das teclas, iluminados pelos rostos brancos realçados com linhas trapalhonas nos ecrãs, estes dois irmãos fizeram do palco pista, e encerraram na perfeição o primeiro dia do Super Bock Super Rock.