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Jean-Paul Sartre pensador francês nascido a 21 de Junho de 1905, assinalamos assim o seu 110º aniversário. É considerado um prodigioso filósofo, é tido como discernimento crítico dos nossos tempos. Sartre sempre se interessou e pretendeu explorar diversos campos desde a literatura à psicologia, segundo Simone Beauvoir “O que lhe interessava antes de tudo eram as pessoas. (…) Ele desejava opor uma compreensão concreta, logo sintética, dos indivíduos” (Beauvoir, 1961)

Se considerarmos a trajectória intelectual de Sartre, é no pensamento acerca do existencialismo onde mais ganha visibilidade. A sua obra nasce numa Europa afectada pelo fascismo e comunismo, e pela ameaça e os desastres de uma II Guerra Mundial.

Sartre sempre quis ser criador de um pensamento e das diferentes formas de pensar. Ser altamente inventivo e ambicioso, apresentava interesse na escrita e na filosofia; escrita de personagens que viviam nas suas obras e ultrapassam dimensões do sentir ou pensar e filosofias que até hoje permanecem com algo discutível e intelectualmente estimulante dos nossos tempos.

Incontestavelmente, a obra de Sartre apresenta evidente genialidade; torna-se também controversa em alguns pontos, é sabida pela sua radicalidade na forma como labora a questão. A passagem pela fenomenologia husserliana tornou-se essencial para a sua obra; onde mundo é a totalidade daquilo que aparece à consciência. Aqui surgem termos relevantes, como o conceito de ego, consciência, emoção, consciência imaginante, teoria da personalidade, entre outros; presentes primeiramente em A Transcendência do Ego de 1934 e mais tarde em Ser e o Nada de 1943.

 "A realidade humana 'é aquilo que não é e não é aquilo que é'"

De uma forma bastante sintetizada, o Existencialismo fala-nos de colocar o homem na posse do que ele é, e assim subjugá-lo à responsabilidade total da sua existência. Sartre, portanto diz-nos, em Ser e o Nada, que Deus não existe por isso o homem está condenado a ser livre. Nesta liberdade vive, despido de tudo e é aqui onde a existência procede a essência. O homem é por isso responsável por aquilo que é.

"Não somos aquilo que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós"

O desejo pela viagem, viagem do pensar, torna Sartre um dos grandes pensadores do seu tempo. Explorar, mostrar, redescobrir, refutar, repensar, torna-o uma pura marcha de intelectualismo, desde o seu caminhar até à mente do seu racionalismo.

"Não é na solidão (…) que nos descobriremos, é na estrada…"

Para concluir dir-se-á que Sartre é uma concentração da sabedoria filosófica de Merleau-Ponty, o engenho literário de um Albert Camus, a cultura política de um Raymond Aron e a capacidade crítica de Simone Beauvoir.

"O homem não é a soma do que tem, mas a totalidade do que ainda não tem, do que poderia ter".

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