DIÁRIOS DO UMBIGO

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(poemas de Maria Fernandes para fotos e títulos de Fedra Espiga Pinto)

está mesmo atrás de ti

o cheiro acre
da tua insanidade
ora, repara
como em
Retalhos
se afigura
a curva
desta possibilidade

saber que

parapeito-2

por aqui não vale a pena

espreitar – sequiosos –
a alvura
de uma qualquer
aurora des(d)enhada

o mar sempre
Eu, Eu, Eu

a ir e a vir
sempre
Eu, Eu e Eu

e tu – sempre – Eu
e – Eu, Eu

parapeito-3

que

sempre estive aqui

e construí poemas
com
ambas as mãos
com
ambos os pés
com
a cabeleira toda

(a escultura
pálida
de uma prece)

– o mar sempre
Eu
– tu sempre
Eu
– eu também
Eu

parapeito-4

numa qualquer
velha e mansa

frequência cardíaca

tu sempre
– Eu

o mar sempre
– Eu

eu depois
– Eu

(o mundo todo a embriagar-se
da famigerada
ideia de imersão pessoal
[e intransmissível?]
em toda a medida de frequência
desse batimento)

a saber-me

parapeito-5

prestes a mudar

(de cada vez que tu - Eu)

a construir poemas
com
ambas as mãos
com
ambos os pés
com
a cabeleira toda

a saber-me
ida e vinda
impressa na aurora
des(d)enhada

devassa por entre
a crista alva
dos cumes
de todos
os teus oceanos

* Este texto não é escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.

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