(poemas de Maria Fernandes para fotos e títulos de Fedra Espiga Pinto)
–
está mesmo atrás de ti
o cheiro acre
da tua insanidade
ora, repara
como em
Retalhos
se afigura
a curva
desta possibilidade
saber que
por aqui não vale a pena
espreitar – sequiosos –
a alvura
de uma qualquer
aurora des(d)enhada
o mar sempre
Eu, Eu, Eu
a ir e a vir
sempre
Eu, Eu e Eu
e tu – sempre – Eu
e – Eu, Eu
que
sempre estive aqui
e construí poemas
com
ambas as mãos
com
ambos os pés
com
a cabeleira toda
(a escultura
pálida
de uma prece)
– o mar sempre
Eu
– tu sempre
Eu
– eu também
Eu
numa qualquer
velha e mansa
frequência cardíaca
tu sempre
– Eu
o mar sempre
– Eu
eu depois
– Eu
(o mundo todo a embriagar-se
da famigerada
ideia de imersão pessoal
[e intransmissível?]
em toda a medida de frequência
desse batimento)
a saber-me
prestes a mudar
(de cada vez que tu - Eu)
a construir poemas
com
ambas as mãos
com
ambos os pés
com
a cabeleira toda
a saber-me
ida e vinda
impressa na aurora
des(d)enhada
devassa por entre
a crista alva
dos cumes
de todos
os teus oceanos
–
* Este texto não é escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.