Fotografia de: FCG/Nuno Martins
Um anfiteatro cheio num idílico espaço forrado com o verde das árvores que conseguem tornar um excelente concerto numa experiência ainda mais agradável pela sua envolvência. John Zorn chega ao palco com o seu ar descontraído de quem sabe e domina os episódios que se vão seguir. Senti-me a levitar após os primeiros acordes. Zorn lidera a banda de forma genial chegando quase a ser performático na forma como tutoriava os momentos. Syro Baptista é indescritível no seu à vontade em "brincar" com os objectos que lhe sugerem os mais variados sons. Entre chapas de metal, chocalhos e até uma cuica, o experimental teve lugar e cativo.
"Senti-me a viajar" foi a frase que mais se proferiu após esta inebriante experiência. Um festival irrepreensível onde a música e o que ela desperta assume o lugar de honra sem dar lugar a telemóveis a piscar de alguém que vê através do visor ao invés de se deliciar com o momento. Uma onda cool, o termo perfeito para definir o comportamento dos músicos e do público que assistia. Era notória a percepção de que queriam ver Zorn, sabiam o que estavam a ver e regozijaram com o momento. A banda voltou ao palco para um encore e teve que voltar, novamente e novamente, dada a intensidade da chuva de palmas.
Masada é provavelmente o mais icónico projecto de John Zorn, aquele em que o músico se liga mais directamente à memória hebraica. Segundo referiu Nuno Catarino no seu texto acerca do concerto e de Masada: "na prática é um songbook que aglomera composições curtas, que obedecem a um conjunto de regras, previamente definidas, herdadas da tradição musical judaica."
No concerto a que assistimos, uma versão eléctrica de Masada, assume um conceito mais expansivo em que o jazz se funde com o rock dando lugar a um experimentalismo que nos faz fechar os olhos e viajar por diversos continentes e experiências. O que Zorn classifica como "música judaica radical".
John Zorn - Saxofone
Marc Ribot - Guitarra Eléctrica
Jamie Saft - Teclados
Trevor Dunn - Contrabaixo e Baixo Eléctrico
Kenny Wollesen - Bateria
Joey Baron - Bateria
Cyro Baptista - Percussão
Ikue Mori - Electrónica