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Fotografia de capa:Terrain (T5 ed.1), 2006 | AVPD | Aslak Vibaek and Peter Doessing.

No Cento de Arte Moderna da Fundação Caloust Gulbenkian está patente, até 21 de Setembro, a mostra Daqui Parece uma Montanha, uma colectiva de artistas contemporâneos austríacos, dinamarqueses e portugueses elaborada com a curadoria de Luísa Santos. A exposição parte da relação de três pequenos países – Áustria, Dinamarca e Portugal – com os seus vizinhos de maior dimensão, remetendo para questões como o confronto entre o grande e o pequeno, a ilusão e a realidade, e o desconhecido e o familiar.

A artista Katharina Lackner, que inicia o percurso, inclui-se nestes três binómios através de Slide, um chapéu-de-chuva de enormes dimensões que nos transporta para o lugar da infância, como se fossemos personagens em histórias como as Viagens de Gulliver ou a Alice no País das Maravilhas.

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Slide, 2009-2013 |  Instalação  | Katharina Lackner

Uma gaiola gigante, de circo, com uma estrutura aberta de ferro, Cage and Mirror, de Jeppe Hein parece pedir que lá entremos. Uma vez dentro da gaiola, somos, simultaneamente, observadores e alvo de observação, numa exposição tão inevitável quanto indesejável.

Num conjunto de caixas baixas que à primeira vista parecem blocos sólidos de metal, Untitled, metal object, de Tove Storch, há uma espécie de competição latente. Cada uma parece querer ser mais alta que a outra numa comparação algo absurda entre entidades tão semelhantes.

Já a obra Pays/scope de Miguel Palma encerra o percurso. Apresentada pela primeira vez na montanha Saint-Victoire, protagonista de tantas pinturas de Cézanne, a torre de seis metros trocou a posição habitual da montanha, de observada a observadora. Na Nave do Centro de Arte Moderna esta inversão repete-se: o espelho no cimo da torre revela que estivemos a ser observados, enquanto parte da paisagem que rodeia a torre naquele lugar.

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Pays/scope, 2012 |  Estrutura metálica e espelho | Miguel Palma

As surpresas ao longo deste percurso fazem-se sentir especialmente no confronto. O confronto com o que, por comparação, é maior do que nós; o confronto com a ideia que criámos de uma coisa com a sua realidade; o confronto entre o querer algo de desconhecido mas, ao mesmo tempo, temê-lo na sua imensidão sublime e recorrer ao conhecido, ao refúgio. Estes pontos de confronto remetem para sintomas de um campo social comum que transcende fronteiras geográficas: daqui (seja de onde for) parece uma montanha.

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