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Fotografias: António Néu.

Vivemos numa era em que urge pensar e repensar e a arte contemporânea não é uma exceção. Diálogos e conexões entre artistas bem como o repensar a arte e o papel das galerias compõem os pontos fortes da secção curatorial Opening da Arco Madrid deste ano. Muitas galerias novas e alguns artistas jovens que habitualmente apenas sussurram nestes eventos, de grande escala, tiveram oportunidade de mostrar e vincar um trabalho sustentado em ideias e conceitos.

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Stefanie Hessler e Juan Canela

Stefanie Hessler (Alemanha) e Juan Canela (Espanha) são os curadores desta secção que marca a diferença no sentido tradicional de feira de arte e em cujo corredor se assiste a uma sensação de unidade. O chamado corredor rosa devido à cor das tabuletas que assinalam as 13 jovens galerias a nível mundial – com um número máximo de sete anos – sendo três delas as portuguesas Pedro Alfacinha, Madragoa – presentes pela primeira vez – e a Kubikgallery.

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Performance na galeria Samy Abraham

A convite de Carlos Urroz (diretor da Arco), Juan já havia feito a curadoria da secção Opening no ano passado. Trata-se de um curador independente que reside em Barcelona mas trabalha um pouco por todo o mundo, embora com maior ênfase na América Latina. Nesta secção não existe um tema e a pesquisa foi feita com base na diversidade em termos de arte contemporânea. Algo que é muito particular no Opening não assenta apenas em mostrar novas galerias ou novos artistas e sim projetar galerias que se questionam e que repensam o seu conceito. “Abrir uma galeria hoje em dia não é o mesmo que há 20 anos atrás. Trata-se de introduzir um discurso e pensar nos programas de uma forma curatorial e internacional que é o que fazem galerias como a Proyetos Ultravioleta (Guatemala), Drop City (Reino Unido e Alemanha) – vencedora do prémio Opening que premeia o melhor stand desta secção – ou as galerias Pedro Alfacinha, Madragoa e Kubikgallery que apesar de estarem em Portugal focam-se num contexto internacional”, contou Juan.

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Galeria Drop City

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Boris Achour na galeria Allen

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Reynier Leyva Novo e Yornel Martínez na galeria El Apartamento

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Rosana Antolí na galeria Espai Tactel

É a primeira feira da galeria Pedro Alfacinha que decidiu mostrar uma instalação dos artistas !Von Calhau! (Marta Baptista e João Alves), devido à natureza de um trabalho plural e total, que preenche todo o espaço do stand à exceção das paredes que se encontram nuas. Tal deve-se ao facto de os artistas “terem ficado um pouco assustados com o excesso de informação presente em todas as paredes pelo que optaram por apresentar o seu trabalho no chão”, contou Pedro Alfacinha. O abandono da parede anuncia uma espécie de desprendimento e no chão observamos uma série de obras que se associam a um jogo de palavras resultante das várias áreas que representam o seu corpo de trabalho, como a música, artes visuais e filme. Na feira o desenho é a matriz a partir da qual todo o trabalho se desenvolve.

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!Von Calhau! na galeria Pedro Alfacinha

A galeria Madragoa – também presente pela primeira vez na Arco – optou por escolher o artista Luís Lázaro Matos numa espécie de extensão da exposição Smile you are in Spain que ainda se encontra patente em Lisboa até ao dia 11 de março. A mostra que relaciona Portugal e Espanha, parte de uma campanha publicitária que ocorreu em 2004 para atrair pessoas para o sul de Espanha. Na base do projeto está a justaposição entre o "smile" introduzido na campanha e o seu oposto simbolizado pela pintura O Grito de Edward Munch, numa forma de representar a situação atual dos países da Europa do Sul e que resulta na fotografia Under the Sun I. Na segunda parte do projeto, o desenho Model for a Holiday Villa mostra a interpretação do artista a partir das instruções dadas a vários arquitetos, nas quais lhes era pedido um projeto de uma casa de férias inspirada pela pintura de Munch. No stand assistimos a uma criação do estúdio do artista que, em jeito de performance, intervém diretamente nesses desenhos colocando-os de seguida na parede. “A ideia foi transformar o stand da galeria no estúdio do artista e daí o facto de os desenhos estarem sempre em constante mutação na parede”, contou Gonçalo Jesus da galeria Madragoa.

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Luís Lázaro Matos na galeria Madragoa

Fazendo também uma ponte entre Portugal e Espanha está a Kubikgallery cuja escolha dos curadores Juan e Stefanie incidiu na artista Carme Nogueira, distinguindo-se como uma voz espanhola com uma criação artística contemporânea. Foi uma das primeiras artistas apresentadas pela Kubikgallery e “através da história do seu trabalho A Propósito de Alvão podemos transportar uma parte da história de Portugal para a Arco de Madrid. O seu trabalho é o resultado complexo e plural de uma intervenção realizada no Porto, que constituiu o primeiro passo do que agora se verifica ser uma obra versátil, plural e valiosa” contou Constança Babo da Kubikgallery. No stand da Arco está presente um vídeo bem como parte da instalação, fotografias e desenhos desta obra que evoca a exposição colonial de 1934.

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Carme Nogueira na Kubikgallery (cortesia Kubikgallery)

O Opening foi criado como um espaço onde se podem descobrir jovens artistas e onde para além dos trabalhos se pretendeu criar uma espécie de Projet Room com um caráter de instalação. Para Juan e Stefanie foi muito importante a consistência do programa das galerias e Stefanie valoriza a existência desta secção, “porque, no mercado da arte, as galerias, os museus e escritores não estão separados. Fazemos todos parte do mundo da arte por isso é um contexto muito interessante poder trabalhar fazendo da escolha curatorial um statement, fugindo um pouco ao que as pessoas esperam de uma feira de arte. É por isso que a secção Opening é tão especial”.

A Umbigo viajou a convite do Turismo de Espanha

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