Antes de dizer seja o que for sobre o Festival Super Bock Super Rock que se realizou entre 18 e 20 de Julho, temos que dizer ao que íamos: ver finalmente a Azealia Banks ao vivo. Já no ano passado ela tinha cancelado de repente e nós estávamos ansiosos por confirmar aquilo que nos entusiasma na música dela, antes da saída do tão aguardado disco daqui a uns meses... No entanto sabíamos que a mistura seria perigosa num festival quase exclusivamente dedicado ao rock. Os nossos medos confirmaram-se e o erro de casting de Azealia neste festival também. Mas quem é que se lembrou de contratar esta estrela ascendente da pop num festival destes? Vamos por partes...
Quem iniciou as actividades no primeiro dia foram as Anarchicks, colectivo rock/punk/grunge que emula Siouxie and the Banshees, Kim Deal nas Breeders e Courtney Love nos Hole, tudo em um. O resultado é perfeito e elas provaram que se aguentam (e muito bem) a esta bronca de proporções maiores. Tecnicamente muito satisfatórias e com a vocalista a cantar ainda melhor do que no disco, as Anarchicks aqueceram muito bem as centenas de pessoas que lá estavam, muitas delas desconhecendo quem estava no palco. “Olha as fufas!” diziam uns. “Mostra as mamas!”, diziam outros para a muito sexy e muito hot baterista. O único ponto negativo foi a energia de múmia egípcia da vocalista, apagadinha e muito envergonhadinha...
O aquecimento foi eficaz mas não para o que se seguia: Azealia Banks. O público presente, com uma média de idades de 17 anos, vinha directamente do Marretas para beber cerveja e não para dançar. Público morno que desconhecia a cantora e um concerto que foi mais quente visto na tv do que no local. Azealia canta letras imperceptíveis e pouco fala com o público. As canções têm energia mas falta comunicação. Um palco preto, com vocalista vestida de preto, sem vídeos no ecrã de fundo e com os ecrãs laterais a passar imagens de vídeos e não do concerto. Qualquer coisa falhou. As músicas foram bem executadas, Azealia esforçou-se mas tudo não passou de um evento sem clímax que apenas acordou com um mosh a meio. Estávamos à espera de mais...
Como não quisemos esgotar energias, seleccionámos o que queríamos ver. Ficámos para Johnny Marr, que foi uma valente seca e espreitámos a tenda electrónica com Freshkitos a animar garantidamente as hostes. De resto, a organização de todo o festival pareceu-nos sem falhas e a afluência de público maior do que no ano passado, apesar de parecer uma creche. Nota negativa para as condições algo limitadas para jornalistas que não puderam trabalhar com todas as condições desejáveis. Não faltou uma longa caminhada pelo meio da estrada com carros a passar quase por cima de nós e um regresso a casa através das estradas não sinalizadas e esburacadas que nos deram cabo da suspensão do carro.
As fotografias foram retiradas do Facebook oficial do Super Bock Super Rock