Agora que estou a caminho daquelas ilhas com ar de postal, gasto este título numa terra com aparentemente nada de paradisíaco, que se lixe, foi mesmo a primeira vez que me senti de férias desde que cheguei.
Em Kanchanaburi de comida não reza a história, aliás nunca comi tanta tosta de loja de conveniência. Por isso foi a vez de preencher o tempo com museus e história. Lá tinha que nos calhar não é?
É aqui a cidade da ponte sobre o rio Kwai, que afinal se diz Kué. Aquela do filme do assobio. Na verdade é a história de uma ponte cuja construção matou milhares de soldados na IIGM, mas a guerra nesta parte do globo nunca passou nas nossas aulas de história.
Depois desta bigorna de desumanidade que nos cai em cima no Thailand-Burma Railway Centre, é tempo de relaxar numa das várias cascatas ou parques naturais da zona. Ninguém nos disse foi que para lá chegar havíamos de perder os dias em autocarros dos anos 30. E que, em chegando, centenas de peixes tentariam almoçar-nos antes sequer de termos água pelo joelho ou que a água era mesmo só até ao joelho. Mas como se está no meio da selva, macacos, javalis e plantas-maiores-do-mundo, tudo mais que compensa, é claro. Visitai por isso a Erawan Waterfall, Sai Yok Noi ou Hin Dad hot springs.
Ah e porque é que foi aqui que me senti de férias?
Porque pela primeira vez pudemos estar apenas e ao passo dos locais em vez da corrida de centro comercial que são as grandes cidades tailandesas. Pela primeira vez não há nada escrito em inglês e ninguém quer saber de nós – riem-se se nos vêem, únicos, nos sítios deles. Pela primeira vez podemos passear pelas ruas de espetadinha e cerveja na mão sem correr a cidade de lés-a-lés para cumprir todos os must see que impõem os guias. É quase como deixar Lisboa para ir, sei lá, para o Gerês – nas devidas proporções, claro está. E com cascatas de água morna, em vez daquela água que faz sempre muito bem a tudo, mas em que ninguém põe lá os pés pelo gelo que é.