MÚSICA

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A música já se fazia ouvir quando descia as escadas para o andar de baixo do Lux e a atmosfera pop e sintética sentia-se na voz vigorosa e nos acordes abstractos de U.S. Girls.

Foi mais uma noite Black Balloon e Meghan Remy foi a locomotiva de saltos altos que nos fez ver o quão uma malha nos collants pode ser sexy.

Half Free é o disco, de silhuetas pop, mais recente de Meg Remy, que veio apresentá-lo com a sua figura altiva e marcadamente feminina. As músicas surgiram assumidamente encadeadas, sem intervalos e conversa com o público, como se de uma enorme colagem se tratasse. Sente-se que é a sua forma assumida de estar em palco e recriar atmosferas de abandono, solidão, auto-estima ou igualdade de géneros, sempre de um ponto de vista feminino.

Sororal fellings surge vagarosa através de um eco em tons sépia de uma mulher emocionalmente dilacerada que afirma "Now I'm going to hang myself / Hang myself from my family tree."

Damn That Valley, com o seu beat pululante, põe a sala a mover-se lentamente enquanto descreve em batidas dub e sons fracturados a mágoa de uma mulher cujo marido perdeu a vida na guerra.

Tons de disco dance borbulhante com maracas e bolas de espelhos mascaram a mensagem de dor de cotovelo de uma mulher apaixonada em Window Shades. Fez sentido dançar em estilo cabaret onde nos podíamos imaginar de vestido de lantejoulas e com uma bola de espelhos em cima da cabeça – projecção essa que contrasta com a mensagem pós-romântica da letra.

Sente-se uma tímida sedução em Red Comes In Many Shades e a voz em forma de lamento e dor acompanha o instrumental taciturno e elegante da batida.

Em Woman's Work há uma atitude de disco dos anos 80 que contrasta com o tom seco dos sintetizadores e falsetes de coros de beatas em dia de missa. Claramente uma música para o mote ‘o princípio do fim’ que enche a sala de uma atmosfera caleidoscópica de feminismo de mangas arregaçadas.

Ben Cook (Fucked Up), Tony Price, Amanda Crist (Ice Cream), Onakabazien ou o marido Max Turnbull, mais conhecido por Slim Twig, foram alguns dos músicos e produtores que colaboraram com Meg Remy na criação do desenho sonoro e todos eles tiveram em atenção a sua voz, o centro de Half Free.

As músicas instantâneas em ecossistema dançante não recomendável a hipocondríacos, foram o prato principal de um concerto que não fugiu à cadência e formatação do álbum, fazendo prevalecer a sensualidade vitaminada da figura feminina.

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