Texto: Mariana Machado, em parceria com a ETIC.
Alguma vez imaginou sementes de flores futuras? Ken Rinaldo já. São cheias de cor, peludas, desenhadas a três dimensões, e "desabrocharam" no novo espaço da Galeria António Prates, desde a passada 6º feira.
A nova galeria de arte contemporânea na Avenida António Augusto de Aguiar renasceu com Virtual to Real Blooming: Dreams of Spring.
Esta exposição surge justaposta com o anterior projecto do artista, Cascading Gardens™, não menos mirabolante. Sem nunca descurar o design biofílico, Rinaldo desenvolveu um tipo de canteiros verticais, adaptados ao interior e exterior, onde crescem plantas domésticas coloridas e aberrantes. Estas pequenas culturas são sustentadas por um sistema de rega que bombeia água até aos "grow bags" mais elevados, deixando que a gravidade trate do resto, alimentando as plantas vizinhas, ao verter a água de uns canteiros para outros, já num estado mais purificado e rico em nutrientes.
Desta vez, em Virtual to Real Blooming: Dreams of Spring, o artesão da natureza, faz um retrocesso até à "causa raiz" das plantas e cria, nada mais nada menos, que protótipos de sementes artificiais de flores ainda por nascer.
Ken Rinaldo, tem tanto de artista como de biólogo ou de informático, e a sua obra conjuga estas três áreas em instalações interactivas construídas para retratar a evolução dos seres vivos de mãos dadas com o desenvolvimento tecnológico. Desde a robótica interactiva à imagiologia digital, Rinaldo pretende celebrar a natureza e a máquina, mostrar o equilíbrio existente entre elas, e a ténue fronteira que as separa.
Há mais de duas décadas que corre mundo com as suas obras: já criou robots que agem como formigas buscando as suas fontes de alimento e outros que reproduzem expressões faciais humanas. Também fez música, mas não para os nossos ouvidos, compôs uma chilreante sinfonia para cigarras, a partir dos seus próprios sons.
O mundo submarino faz parte do seu imaginário de recriações – em Augmented Fish Reality, o peixe é rei! Neste projecto desenvolveu aquários robóticos, onde os movimentos eram controlados pelos próprios peixes através de sensores. Noutra das suas engenhocas aquáticas, os peixes e bactérias também foram as personagens principais ao alimentarem plantas para em seguida serem consumidas por seres humanos, que lhe valeu o Prémio Green Leaf do Programa Ambiental das Nações Unidas 2008.
A não perder esta insólita simbiose entre a vida natural e artificial, de quem constantemente semeia a imagem do futuro e, sobretudo, preserva o que está em risco de se tornar passado.