Aterrei em Puerto Princesa num aeroporto do tamanho do tapete onde saem as malas. A cidade fica a 2km e finalmente cheguei à Ásia que imaginava a partir de casa. Chão de terra batida, barracas, falta de electricidade, crianças descalças, cabras na estrada: era assim que eu imaginava todo este lado do mundo. Parva.
Vi logo que ia gostar só pelo nome: Puerto Princesa. A enrolar-se na boca, língua a bater nos dentes enquanto nos transporta para mais perto de casa. Puerto Princesa. Começo logo a pensar em tapas e huevos rotos.
Aqui anda-se de triciclo: uma mota com um sidecar que dá para 7 filipinos ou 3 europeus do sul ou 1 americano. São os triciclos às centenas que enchem a estrada principal que está sempre em hora de ponta. Cada voltinha custa 10 pesos, uns 19 cêntimos, pelo que ao turista de onde quer que seja não compensa andar a pé em Puerto Princesa. Ora digam: Puerto Princesa. Ah que maravilha, que saudades de comida ibérica!
Para além de vaguearmos pelas ruelas da terra a ver a vida real – e vê-se tudo, que as casas são abertas e tudo se faz cá fora – vamos a uma excursão (sim!) ao Rio Subterrâneo em Sabang, uma das sete maravilhas naturais do mundo. Durante 4,5km um barquinho navega numa gruta com milhares de morcegos e outras tantas estalagmites e estalactites que criam esculturas naturais à medida que avançamos. Desde cenas bíblicas à Sharon Stone, um pouco de imaginação e temos um museu natural a desenhar-se diante de nós. Muito bonito, é, podia era ser mais pequeno porque 45 minutos num sítio escuro e fechado não é a minha coisa preferida.
Falando nisso: comida. À saída da gruta espera-nos um almoço nada relevante com vista para o mar. No final, os novos amigos filipinos perguntam se queremos provar uma iguaria típica de Sabang: Tamilok. Ora essa, claro que sim! E vai-se a ver o Tamilok é uma minhoca de navio ou uma amêijoa vermiforme, como quiserem, é um ranho sólido infinito que se come vivo e sabe a ostra. Sabe mesmo. Um nojo. E uma das melhores surpresas da viagem.
Outra iguaria de introdução às Filipinas e de teste ao nível a que conseguimos chegar com comida é o ovo de Balut.
Desaconselha-se a leitura do que se segue a pessoas sensíveis e a activistas.
O ovo de Balut é um ovo de pato já fecundado que se come cozido com o embrião lá dentro. Horrível. Como se não bastasse o sabor a culpa ainda levamos com um líquido a saber a peixe no meio do resto que para ali vai. Pois.
Agora que perdi os três leitores que me restavam é tempo de despedidas. Bem-vindos às Filipinas e à terra do rum com ananás fresquinho.
–
* Este texto não é escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.