O Novo Mundo e a Palavra é a mais recente exposição no Castelo de Belmonte e pode ser apreciada na icónica sala Pedro Álvares Cabral. Na mostra A Carta a El-Rei Dom Manuel sobre o Achamento do Brasil, ou Carta de Pêro Vaz de Caminha, conforme é conhecida, assinalando um momento singular da História. O documento nunca foi exposto ao público em Portugal fora da Torre do Tombo, de onde apenas saiu para as comemorações do Descobrimento do Brasil em 2000.
A exposição pretende fazer um contraponto entre o carácter efabulatório da cartografia pré-era dos Descobrimentos e o levantamento exaustivo efetuado pelos Portugueses nas suas incursões por territórios mais ou menos conhecidos, como África ou as Índias Orientais, e depois, no Novo Mundo, do qual o relato de Pêro Vaz de Caminha é o momento inaugural. A exposição em Belmonte do documento – inscrito desde 2005 pela Unesco no Registo da Memória do Mundo – celebra assim a ligação da localidade a este episódio ímpar na história universal. Trata-se do primeiro testemunho da existência de um mundo até então desconhecido dos povos e o primeiro testemunho dessa nova realidade, (d)escrita no período crucial dos Descobrimentos.
No primeiro espaço a criatividade da dupla italiana Carnosvky resulta numa instalação visual, onde toda uma iconografia de mapas, seres e realidades imaginadas emerge através de um dispositivo de cores entre o vermelho, azul e verde. Uma instalação materializada pela iluminação em três planos sobrepostos face a esse imaginário das descobertas.
Passamos ao espaço reservado à leitura da Carta onde encontramos o tapete sonoro, resultante do trabalho do sonoplasta e músico Sílvio Rosado que se junta às vozes dos alunos da Escola de Música de Belmonte a lerem excertos da Carta e a recriarem o que é nela relatado. Funciona como uma espécie de áudio-guia de uma viagem e de uma descoberta.
A contextualização histórica é feita através das peças dos séculos XV e XVI cedidas pelo Palácio Nacional de Sintra, Casa-Museu Medeiros e Almeida e Museu Nacional de Arte Antiga. As peças permitem ao público o contato visual com objetos coevos de Pêro Vaz de Caminha e Pedro Álvares Cabral e dão o testemunho do entorno estético e cultural do Portugal dos Descobrimentos.
Para ver até 26 de outubro.