Fotografias: António Néu.
Ele já foi preso, torturado e o governo chinês continua a perseguir e a destruir a sua obra, mesmo assim prossegue a sua luta e a defesa daquilo em que acredita. Ai Weiwei é daqueles artistas que merecem um enorme respeito e na exposição Evidence, patente no museu Martin-Gropius-Bau em Berlim, apresenta uma série de peças, instalações e vídeos em resposta às atrocidades das quais tem sido vítima.
Detido injustamente pelas autoridades chinesas pelo período de 81 dias, onde permaneceu numa cela, numa prisão secreta, em que a luz estava permanementemente ligada e constantemente acompanhado por dois guardas, decidiu transformar as acções do governo no objecto da sua arte. Tal resposta não só lhe deu o conceito, como uma série de ideias acabaram por tomar forma através de vídeos e manifestos.
Numa das primeiras salas um vídeo mostra parte do período em que esteve preso e as experiências pelas quais passou. Ai Weiwei não se designa apenas como artista e faz questão de realçar a sua atitude política, ao longo da exposição, através de textos e comentários que reflectem os seus princípios e reflexões sobre a China e a forma como o país dialoga com o mundo ocidental.
Todas as suas obras têm uma explicação, conotação política ou histórica. Nada é feito ao acaso, desde a instalação Very Yao concebida com inúmeras bicicletas, colocada no átrio do museu e que sobe até à cúpula, até Stools disposta na sala principal. Nesta última reuniu 6000 bancos de madeira a fazer lembrar os que eram usados na zona rural chinesa, durante centenas de anos desde a Dinastia Ming. Uma imagem inicialmente confusa, pois só após a adaptação do olhar se começa a clarificar que a matéria é composta por milhares de bancos.
É a primeira vez que o museu organiza uma exposição para um artista que está proibido de sair do seu país. Apesar de poder circular por toda a China, Ai Weiwei não tem qualquer liberdade pois todos os seus passos são vigiados por diversos agentes e o passaporte foi-lhe retirado. Evidence é a sua mais extensa exposição alguma vez apresentada, e escolheu Berlim para fazê-la através de obras e instalações concebidas especialmente para o museu. São 3000 metros quadrados de exposição divididos por 18 salas.
Ai Weiwei luta pela liberdade de expressão e por uma justa distribuição de poder e a arte é a arma que usa para fazê-lo.
Até 13 de Julho no Museu Martin-Gropius-Bau, Berlim.