Metallica seguido de Pappa don’t preach em ritmo de cumbia. Heresia? Para quem não acredita que a liberdade se expresse através da dança. Madrezita, não há fronteiras. São arritmias necessárias e desejadas. Se quiseres agarrar futuro ou melhor aproveitar presente às Noites Tropicantes não deves faltar. Tens de chamar Outono e Inverno para te dar profundidade? Deixas de ser menos por querer mais, por sentir pele em vez de ouvir coração? Não.
Ele não é Dj. É Siroco em tarde de canícula, brisa de Cádis em alpendre sevilhano, fogueira em noite de São João. Comunhão sem dízimo. Café moído na hora e aromatizado a gosto. Abanar anca. Abana, abana. Levanta os braços e o pé do chão, mas sem poeira meu irmão, que por aqui é tudo feito com gosto e distinção.
Cumbia, ritmo, acção. Este Señor não pede mais do que dá. É acção e diversão. Lisboa precisa de provocação. Reacção, como não? Tu queres? Eu sim. Madrezita, não há fronteiras. O meu, o dele, o nosso é tudo. Menos é resignação. Quando ele está o que não se quer é interrupção. Quebrar o ritmo nunca é opção. Danças tu, danço eu e quem estiver mais à mão. Estranho se torna amigo e irmão enche coração. Se pensas que és o único, desengana-te. Como tu mais um milhão. Não é rima não, nem pura ilusão. Eu vi o sol nascer e ao Flama agradecer. Oh Lisboa de encantos mil que atrás do turista vais buscar tostão. A alegria está aqui de todo o coração. Queres levar apertão? E pagar sem comiseração? Não passes por aqui não, que alegria taxada por aqui é impossibilidade. Abracem-no. Ele abraça a festa e ela não é longa, é simplesmente interminável.
E a América do Sul aqui ao lado, na sua marca identitária e nas raízes antropológicas. Ah, e a beatificação da trisavó no Vaticano. Na diáspora, a história deste encantador de almas faz-se entre a Madeira e a Venezuela. As empanadas, as camisas coloridas, cumbia, salsa e o “perfume típico” de emigrante. De Saturno, como Sun-Ra? Descubram Kenny Fuckin Powers, Juanecos e Los Destellos. Lisboa com cumbia não tinha que ser docas – “o Baile Tropicante tinha essa urgência, essa pertinência”, diz Pedro (La Flama Blanca) de olhos largos e sorriso a condizer. Lisboa não é só MPB continua.
Ele derrete-se com todos os aventureiros que o acompanham ao longo destes dois anos. Há um ideal romântico latino. Esse é o principal poder do género. “Sem tesão e sem romance, mais vale não ser nada”. Continuamos? Claro. Acaricia-nos. Acalenta-nos. O amor é transversal. Por muito que a Europa institucionalizada nos queira marcar caminho há outros tantos(as) alternativas: Guacamayo Festival – “Que romance filho da puta”. E enquanto for genuíno, continuar. Há mais? Claro! Próximo Futuro com Barry Lyndon. E no Porto? “Si Cucuru”. Vão esperar mais dois anos pela próxima? Señores, Flama é o pirómano das almas.