As Quatro Mil Ilhas: o paraíso no sul do Laos a que é obrigatório ir. Não é fácil lá chegar a partir de lado nenhum, é a venda como paraíso que convence. Depois de 10h de viagem entre autocarro local, carrinha de caixa aberta e barquinho de madeira lá chegamos a Don Det. Chegamos de noite, pedimos a um local para nos levar no seu barco e lá vamos nós, confiando que nos leva ao destino. Passar, noite cerrada adentro, pelo Mekong adormecido entre centenas de pequenas ilhas, só luz e estrelas a ver-nos, foi o momento mais mágico desta viagem toda. Isso e sobreviver à viagem de hoje que terá 23h, se correr bem.
Não sei (vamos todos pesquisar certamente) porque é que alguém decidiu nomeá-las de 4000, quando na verdade há cerca de três que se podem visitar, mas fica bonito e tem impacto na expetativa.
Não há qualquer luz, só floresta e água, até finalmente vermos Don Det. Uma fileira de casotas de madeira empina-se em estacas a toda a volta da ilha. Sobra um punhado de areia com 10m2 a que chamam praia e porto. Esta é a única ilha a que chamam de festa que tem recolher obrigatório às 11 da noite, que eu saiba. Diz-se que a festa era dantes tanta e tão pesada que se cortou assim o mal pela raiz. O que agora se vê por Don Det é meia dúzia de grupos de turistas que passam o dia a ver Friends num dos bares, a bebericar cervejas ou bebidas happy, tal como cigarros portadores do mesmo tipo de felicidade e que depois do tal obrigatório recolher se mudam para a praia às escuras para continuar as não-conversas. Diz-se que é comum não se conseguir sair da ilha por causa deste plácido estar. Vai-se ficando e de repente o staff dos bares é mais que os turistas. Para além de umas voltas de kayak ou boia para ver golfinhos e cataratas lá ao longe, não há absolutamente mais nada para fazer. Resta ouvir reaggae, que é o único sítio onde isso pode parecer bom.
Toda a ilha passa o dia em estupor, dos serviços aos passeantes, cães e vacas que passam – até estes se vão pôr de molho inertes na minúscula praia.
É isto Don Det. Isto e má comida por todo o lado. Que pena. Não fosse essa evidência em cada canto e teria encontrado ali o paraíso por uma semana, que mais cansa.