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Teresa Gonçalves Lobo desenvolveu todo um conceito à volta de uma família de "is". Tudo partiu de uma letra que se transformou na exposição "i em pessoa" dividida em três formas de arte à medida que se foi desenrolando. O convite surgiu na sequência do projecto “Um Outro Olhar” que a Fundação Ricardo Espírito Santo tem vindo a desenvolver com artistas contemporâneos. Este tem como ponto de partida o museu de artes decorativas portuguesas e as oficinas da Fundação Ricardo Espírito Santo. “Foi espectacular porque a directora disse-me que quando pensou em mim, pensou no meu desenho e deu-me liberdade total para fazer o que quisesse”.

Um I que se transforma: uma vez é uma pessoa, outras é uma letra e estará em exposição até ao dia 24 de Junho na Fundação Ricardo Espírito Santo.

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E porque é que partiste da letra “i”?

Está relacionado com a ideia das pessoas. Tenho outros desenhos com outras letras, mas o “i” ganhou mais força e mais dinâmica.

Ao ver a exposição sente-se que criaste uma família. Parecem contar uma história, expressam emoções e têm uma personalidade própria.

Fiz tudo de uma forma muito intuitiva e muitas vezes dou por mim a rir com alguns desenhos. Muitas pessoas dizem-me que eles de facto têm muito sentido de humor e acabam por mandar em mim (risos).

Da exposição fazem também parte duas cadeiras, a i chair e a i chaise longue. A ideia desde o início era materializares o desenho em mobiliário?

O museu tem imensas peças em que me apeteceu pegar e ao mesmo tempo achei fascinante a forma como as oficinas trabalham. As palavras que me vinham à mente de forma recorrente eram dedicação, amor e paixão por este tipo de trabalho. Fiquei com imensa vontade de fazer algo ligado às oficinas e cheguei a pensar num trabalho de fotografia, mas depois achei que não, que deveria pensar no desenho que depois acabei por materializar. Criei uma ligação entre os trabalhos e pensei em desenhar uma cadeira. Desenhei várias a partir das minhas linhas, tendo sempre a ideia de pessoas em mente. Avancei depois para o desenho da cadeira. Nunca tinha desenhado uma peça de mobiliário. Exige regras que eu não tenho no meu trabalho pois desenho sempre sem regras. A minha intenção era que fosse uma escultura, uma cadeira, o mais confortável possível.

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Mas na exposição encontram-se uma cadeira e uma chaise longue.

Enquanto a cadeira já estava planeada, a chaise longue apareceu por acaso. Eu estava a desenhar e apareceu um “i” com um pé assente no chão e o outro esvoaçante. Olhei para o desenho e vi nele uma chaise longue que quis materializar.

O que vai acontecer com as cadeiras após a exposição?

A i chair e a i chaise long serão usadas para divulgação das oficinas e do museu. Em seguida vamos tentar expô-las a nível internacional.

Da exposição também faz parte um álbum composto por 10 gravuras assinadas feitas sobre papel japonês. Como te surgiu esta ideia?

Quando pensei em álbum de família, de repente fez-se um clic e pensei: não um álbum de fotografia, mas porque não um álbum de gravura? Fi-lo no meu atelier e foi encadernado pela Fundação. Em 2005 cometi a loucura de comprar uma prensa e dediquei-me também a esta arte. O álbum tem uma linha muito fina, muito próxima dos desenhos a tinta-da-china que estão expostos. É uma edição de 55 exemplares mais 5 provas de artista.

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