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Fotografias: Paulo Sousa Coelho.

Quem andou pelas ruas de Xabregas de 16 a 19 de Junho, deve ter reparado que as paredes dos prédios e dos armazéns estavam diferentes. Discreta mas eficazmente enquadrados na “paisagem” estavam 25 trabalhos de designers, ilustradores, fotógrafos e escritores. Faziam parte da 1ª edição da Poster, uma mostra de arte urbana com epicentro nos Armazéns Abel Pereira da Fonseca.

Entre outros (pode encontrar a lista completa no final do texto) estiverem presentes Wasted Rita, David Rosado, o atelier de Arquitetura Artéria, o escritor Afonso Cruz, o músico The Legendary Tigerman e o fotógrafo Eduardo Sena (o único artista cujo trabalho foi cedido a título póstumo pelo Museu do Chiado). Para além dos convites diretos, foi também feita uma Open Call da qual saíram mais cinco artistas: Alexandre Camarao, Daniel Moreira, Nicolae Negura, Pedro Semeano e Susana Amaral.

Todos os trabalhos foram executados no formato clássico dos posters: 1,20mx1,80m. Para a edição inaugural, fazia sentido respeitar as dimensões que definiram a nossa relação com este meio. Futuramente, o objetivo é aumentar a escala de intervenção.

Por detrás da Poster, está O Departamento. Segundo Bruno Pereira, o fundador do projeto, o Departamento é um “amplificador de cultura”. Aposta em criar sinergias com parceiros como a Câmara Municipal de Lisboa, a EDP ou a Staples, ou seja, com entidades que tenham capacidade efetiva – financeira e estrutural – para ajudar a concretizar os projetos. Em comum a todos os eventos, está uma premissa não negociável: o público tem entrada livre.

Depois do Bold Creative Festival (em parceria com a EDP e o IADE) este foi o primeiro evento a sair para fora de portas. O caráter da comunicação via poster parecia exigi-lo e a zona de Xabregas era o palco perfeito. Outrora povoada pelas mais variadas fábricas – desde o vinho à pólvora – esta zona está agora a ser ocupada por outro tipo de indústrias: as criativas. Os grandes armazéns com rendas (mais) baixas são convidativos à carteira dos artistas e cada galeria ou atelier que abre, chama mais um.

Há algum tempo que se diz que esta zona será a “next big thing” de Lisboa. Já se sente um pulsar criativo; silenciosamente, alguns edifícios começam a ser comprados para ser renovados e transformados em habitação. Com sorte e bom senso, os novos moradores trarão consigo a exigência de uma vida de bairro mais rica, valorizando a área sem cair em excessos gourmet e continuando a ouvir falar português. Para já, é uma zona cheia de promessas e potencial, onde dá vontade de trabalhar, mesmo que poucas horas antes do início do evento, um dos posters tenha sido roubado (e prontamente substituído pela organização).

O Departamento quis aproveitar a oportunidade para fazer mais do que apenas espalhar alguns trabalhos pelas paredes. O objetivo é fazer uma intervenção continuada nesta zona, construindo, a cada edição, uma ponte entre os locais e os artistas. Nesta 1ª edição da Poster, houve um trabalho de bastidores com algumas associações da zona – o Centro Português de Refugiados, a Fundação Benfica, a Associação Guineense de Solidariedade Social e o Projeto Intervir. Todas elas trabalham com crianças e jovens carenciados.

No dia 3 de Junho, o artista David Rosado foi o responsável por um workshop que reuniu elementos das várias associações. Os trabalhos realizados deram origem ao Mini-Poster, uma exposição “paralela” durante os quatro dias do evento.

Mais do que descobrir artistas em potência, foi importante ver como cada criança transpunha para o papel formas e cores que refletiam a sua vivência, tivesse ela raízes em África ou num país novo, como refugiado; ver miúdos “duros”, habituados a passar o dia na rua, a ceder lentamente ao apelo dos lápis e a perder o medo de se expressarem.

De alguma forma, o Mini-Poster acabou por refletir ao de leve um dos pilares da arte urbana: dar uma casa na rua a quem, muitas vezes, não a tem dentro de portas.

Lista completa dos artistas convidados:
Wasted Rita, Craig Atkinson, David Rosado, João Pedro Vale / Nuno Alexandre Ferreira, Paulo Brighenti e Rui Toscano, André Beato e Lizá Ramalho / Artur Rebelo (R2), os ateliers de arquitetura Artéria, Campos Costa Arquitetos e And-Ré, Afonso Cruz, José Luís Peixoto, Valter Hugo Mãe, The Legendary Tigerman, Eduardo Harrington Sena.

Alguns destes artistas quiseram que os trabalhos morressem nas paredes de Xabregas. Outros, acederam a que sejam reproduzidos e vendidos online. Mais novidades em breve em: Poster e O Departamento.

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