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Fotografia de capa: Espigar nas Gentes (© Miguel Oliveira)

Novas manifestações culturais

O Porto está cada vez mais colorido e cheio de vida. Apenas dois anos após a polémica em torno da eliminação do graffiti das ruas, somos apresentados aos novos retratos das vidas de S. Bento e um D. Quixote de pincel atrás da orelha dá-nos as boas vindas ao Bairro das Aartes.

Para entender o crescimento desta nova manifestação cultural, o Porto Fashion Makers esteve à conversa com Ana Muska, MeskJúlio Dolbeth e António Soares, alguns promotores desta nova tendência.

"Apesar da arte urbana já existir em Portugal desde os anos 90, como graffiti e territorialismo, só nos anos 2000 é que, por influência de outros países, aparece uma arte mais conceptual e comunicativa", introduz Ana Muska, co-fundadadora da Circus.

Nas palavras de Ana Muska, "na altura em que a autarquia achou que a solução seria apagar tudo, devia ter sido marcado um diálogo com os artistas e ter-se percebido que quem pinta coisas na rua, não é só vândalo e sem instrução".

"Há pessoas muito criativas no Porto, há um submundo a fervilhar com ideias e coisas para acontecer", reforça Mesk, ilustrador e co-autor do primeiro mural legal de graffiti do Porto, destacando que "o problema é que, às vezes, faltam alguns recursos".

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Mesk – primeiro mural legal do Porto

Para contornar a situação, em Setembro de 2014, a Circus organizou o primeiro festival de arte urbana da cidade – Push Porto. "Este festival quis mostrar que a arte urbana tem um propósito muito positivo para as cidades. E, realmente, passado nem um ano, nós vemos que o que fizemos teve e continua a ter impacto na cidade".

"A a própria câmara está a abrir-se para as várias vertentes da arte urbana e a abrir concursos para este tipo de arte", acrescenta Ana Muska. Desde o último ano, o Axa abriu portas aos writers, a câmara convidou Hazul e Mr. Dheo a dar cor ao mural do parque de estacionamento da Trindade e quinze coloridas caixas de eletricidade acompanham-nos pelo percurso da rejuvenescida Rua das Flores. Entre estes, muitos outros.

Júlio Dolbeth, co-fundador da Galeria Dama Aflita, foi um dos ilustradores a participar no Espigar nas Gentes, concurso de intervenção integrado no Locomotiva. Para o ilustrador, "arte urbana é mais do que grafitti. É uma intervenção no espaço público, independentemente da técnica. A ideia do trabalho é ser poético, efémero, contar uma história que se vai desvanecer com o tempo".

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Galeria Dama Aflita

Enquanto que António Soares pensa que a arte urbana deve "dar cor à cidade" e nos "fazer sentir bem", também Mesk deseja inspirar as pessoas a "voltar aos tempos de criança e a esquecer os problemas e a rotina, nem que seja só por dois segundos".

Em paralelo com o despertar do interesse pela ativação do espaço através da arte urbana, a ilustração ganha uma nova força. A Circus, o novo espaço dedicado exclusivamente à arte urbana e ilustração, acaba de nascer em pleno Bairro das Artes. Segundo Ana Muska:

"A arte da tela está um pouco obsoleta. O público mais jovem, precisava de algo novo. Como os ilustradores em princípio são mais jovens, também têm uma linguagem mais natural para os jovens, que cria maior identificação".

António Soares concorda que estamos perante "o emergir de uma nova filosofia de vida: uma nova educação, gosto e uma nova geração que está preparada para entender esse tipo de linguagem". Júlio Dolbeth explica que "a ilustração consegue ser muito mais abrangente, porque é uma arte que apela muito facilmente à emoção, há uma empatia grande a nível do reconhecimento, pela questão da narrativa".

Desde a abertura da Dama Aflita, surgiram na cidade muitos nomes ligados à ilustração. No entanto, apesar de todo o reconhecimento, continua a ser uma arte subvalorizada no momento de compra. António Soares partilha desta opinião:

"A ilustração é valorizada e está em grande a nível de visibilidade, mas não o é na parte económica".

Para Mesk, são os próprios artistas que devem "fazer a arte valorizar", ao fazerem "as pessoas crer no seu valor". António Soares reforça que o trabalho dos artistas deve ser reconhecido como o dos restantes profissionais e aconselha a "continuar a trabalhar e, se possível, trabalhar para clientes internacionais, porque respeitam e valorizam mais o nosso trabalho".

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