Another Domestic Day de José Augusto Castro é a próxima exposição a inaugurar na Galeria Miguel Justino Alves. Assim, esta quinta-feira para além deste projecto prinicipal, a galeria inaugura o seu novo conceito Project Room onde poderemos ver os trabalhos de: Inês Norton, Pedro Matos, Pedro Zamith e Susana Campos. Segundo o galerista Miguel Justino Alves, "trata-se de abrir as portas a distintas linguagens, cruzando públicos e autores".
Sobre o seu projecto José Augusto Castro diz que: "Desenho coisas que sei o que são. E pinto por cima. Desenho novamente, agora com a outra mão. Agora, de olhos vendados. Faço, desfaço, refaço. Não pretendo que haja uma intenção implícita. Quero leveza. Livre da tirania da ordem e da razão. Falho. A maior parte dos meus quadros falham antes de terem sucesso. Foram tantas outras cores, tantas outras coisas, antes de ser o que são. Provavelmente, renascem noutras telas para então respirarem por eles. Mudo constantemente de ideias. Eu e o quadro! Quando tudo está demasiado organizado, necessito de desorganizar, de provocar o caos, de sujar, de tapar, de pintar novamente, de riscar, de virar ao contrário. Desfazer! Refazer! Começar de novo. Faço um e outro, repito e repito até que algum me seduza. Persigo o ponto que pretendo, a beleza que necessito. Desenho coisas que não sei o que são." Curiosos? Nós estamos.
Seguem-se pois os Project Rooms com Inês Norton em cujo trabalho constatamos um paralelismo entre a natureza e as estruturas arquitectónicas criadas pelo homem. É nesta dialética que a autora se movimenta. Com o seu presente projecto aborda a temática da obsolescência programada e as suas implicações nos ecossistemas.
Na sua prática artística, Pedro Matos, tem por base uma investigação contínua sobre o efémero e o decadente, ideias que o autor encontra, não só na paisagem urbana, mas também na própria natureza, criadas quer através de marcas e gestos inconscientes da mão humana, como pelos próprios fenómenos naturais. Sob a forma de peças meticulosas, o artista tem vindo a explorar a intricada complexidade de texturas abstractas e fragmentos detalhados, situadas na barreira entre a abstração e a representação.
Do verbo habitar, é o principio do projecto de Pedro Zamith que tinha como base a transformação em uma outra funcionalidade de uma sala da Galeria. Sendo este espaço uma antiga habitação, aliás como todo o prédio onde se situa a galeria, faria sentido reflectir sobre o papel do lugar em diferentes contextos e espaços. "Assim, pareceu-me que poderia ser interessante reforçar aquilo que é o espaço habitacional recriando uma sala familiar intemporal, mas ao mesmo tempo marcada pelos objectos convencionais existentes numa habitação familiar", constata o artista.
No trabalho de Susana Campos, figura, retrato e paisagem passam por diversas explorações cujas leituras se procuram polissémicas, através da ampliação da escala, da justaposição de conteúdos e da manipulação da posição quer dos objectos, quer do observador. A paisagem está sempre presente: fundida com a figura, complementando-a, ou reforçando a sua condição de artifício. "Nos processos criativos ela é um veículo de transformação, ao ser observada ao longo da deslocação do corpo, em caminhadas que aliam a reflexão introspectiva com a percepção do entorno em constante mudança. Nos trabalhos mais recentes a paisagem foi aparecendo com uma segunda camada de artifício, na transposição de alguns efeitos luminosos “naturais” dos jogos de vídeo – vapores, reflexos, brilhos, explosões. Tais efeitos trazem ao ambiente gráfico dos videojogos uma acentuação da verosimilhança da acção no espaço mas, descontextualizados e imobilizados numa configuração, conferem à paisagem pintada uma estranheza acrescida", refere a artista.
Para ver até 18 de Abril
Rua Rodrigues Sampaio no. 31 - 1 esq, Lisboa