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Fotografias: António Néu.

Um traço contínuo esboça uma feira e uma exposição muito bem desenhadas a vários níveis. Uma criteriosa selecção de artistas e galerias que culminam numa exposição dedicada ao tema desenho. A curadoria pertence a Delfim Sardo, Filipa Oliveira e Moacir dos Anjos e a Est Art Fair é sem dúvida uma feira a não perder, não só pelas obras expostas como também pelas Art Talks, uma série de conversas à volta de vários temas, com a presença de artistas e curadores.

O conceito é diferente das demais feiras de arte em Portugal. "O que me trouxe aqui foi o facto de ser uma feira curada. A importância não só de mostrar o trabalho do artista como mostrá-lo de forma contextualizada", contou Eduardo Brandão da Galeria Vermelho (São Paulo). Esta é uma das 35 galerias presentes numa feira onde estão representados nove países e 179 artistas.

No espaço desenhado pela Promontório Arquitectos encontram-se algumas das melhores galerias a nível internacional, e que trouxeram até Portugal trabalhos de artistas que consideram integrar-se neste conceito de feira. Entre eles estão vários porugueses, como é o caso de Julião Sarmento, presente na Christopher Grime Gallery de Santa Mónica, uma galeria com 35 anos de actividade.

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No piso superior está a Solo Projects, um espaço dedicado a nove galerias, "das melhores a nível mundial", nas palavras de Luís Mergulhão, director da Est Art Fair. A ideia partiu da cabeça dos curadores que fizeram o convite não só à galeria como ao artista cujo trabalho pretendiam ver exposto. Cada espaço tem a dimensão de 3,64m X 3,64m X 3,20m, um conceito expositivo pensado por Lissitsky.

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Desenhar o Mundo é a exposição a ver em seguida. O desenho está intimamente ligado ao quotidiano dos artistas. "Também nós desenhamos ao fazer croquis ou esboços de qualquer explicação", contou Delfim Sardo. O desenho é sentido por todos e foi esse facto que levou os curadores a pensar nesta temática para desenvolver a colectiva.

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Ao longo de uma série de obras que mostram o desenho como uma prática alargada somos confrontados com o desenho como forma de pensar o mundo, em gestos que se materializam tridimensionalmente no espaço. O artista argentino Nicolás Robbio apropria-se de materiais que já existem desenhando na parede uma espécie de presença da ordem. Nicolás esteve durante 10 dias em Portugal a criar a peça para a exposição, tal como Nicolás Paris que desenhou na parede um diálogo entre materiais que retirou do quotidiano, como moedas, folhas, e lâmapadas, e transformou numa história cuja narrativa é deixada ao critério de cada um. O artista tinha terminado a peça uma hora antes da nossa chegada. Assim trabalhos site specific dialogam com trabalhos, mais antigos, como o vídeo de Dennis Openheim em que pai e filho vão construindo desenhos nas costas um do outro.

No meio de todas estas obras minimais e conceptuais é deixado espaço à poesia visual. Jorge Macchi fez um desenho com diversas tiras de jornal que recortou e colou. Em cada tira uma notícia violenta como se de uma mapa brutal da violência se tratasse, embora exposto de uma forma poética.

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A feira cujo tema é o desenho começa com uma frase de Lawrence Weiner The Trace of a Gesture e termina com a obra de Kader Attia, uma frase a branco inscrita sobre uma parede branca To Resist is to Remain Invisible.

Para ver até Domingo no Centro de Congressos do Estoril

Das 15h às 21h

Arte

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