Vai surpreender-se com o vazio de uma peça que enche todo um espaço. A artista é Susana Mendes Silva que preparou uma exposição/instalação/performance, Rectangle Disorder, que preenche de forma subtil e sensorial o espaço da Fundação Leal Rios. A inauguração será no dia 30 às 22h.

Repulsa, surpresa, admiração e voyeurismo são algumas das sensações que poderá sentir ao penetrar no labirinto de cabelos criado por Susana Mendes Silva. Trata-se de uma peça que terá alguma dificuldade de leitura no dia da inauguração devido à azáfama que se vai gerar no espaço da fundação, mas Miguel Rios fará com que as pessoas entrem em grupos no espaço pois a obra não tem uma leitura imediata. Há sempre a surpresa de parecer que não existe uma peça, mas é essa não existência aparente que desperta todo um lado sensorial.

Hoje assistimos ao primeiro momento: duas escadas, Susana Mendes Silva, Miguel Pereira (coreógrafo) e Jari Marjamäki (sonoplasta) posicionados no espaço da galeria fizeram uma performance em torno daquela peça que se vai revelando a pouco e pouco a nível de movimentos e de sons encadeados com aquela quase dança que se vai fazendo em torno de pequenos fios de cabelo.

A peça tem uma particularidade devido ao facto de as pessoas não a verem no imediato, mas “quando começam a entrar no seu interior, vão-se habituando”, revela Miguel Rios. Não vai ser fácil para muitos uma subtil circulação pelo meio de alguns cabelos que se encontram posicionados no espaço, pois é uma obra que interfere imediatamente com os nossos sentidos. O sentimento tanto pode ser de repulsa, como de atracção e até de fetichismo.

Toda a construção da obra é quase um acto arquitectural. Há espaços entre os cabelos, pensados de forma minuciosa. Susana esteve durante 15 dias a preparar toda uma construção reveladora de minúcia e subtileza ímpares.

A exposição irá dividir-se em vários momentos. O da inauguração, um segundo momento que será constituído por vários pois Susana irá conduzir pequenos grupos a inteagirem com a peça de forma a que percebam a subtileza/agressividade da mesma. O último momento será uma surpresa.

Miguel Rios escolheu Susana Mendes Silva devido à sua singularidade no panorama da arte portuguesa.