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Todas as pessoas mais interessadas nas novas sonoridades electrónicas abundavam na Capela, o número 45 da Rua da Atalaia em pleno Bairro Alto. O ambiente por lá era entusiasmante, tendo-se a sensação de que algo de novo fermentava ali. O número de crentes  animados por ritmos e sonoridades pouco usuais, que não se ouviam em mais nenhum lado, a não ser,  neste local acolhedor e secular no seu chão de laje, estendia-se desde a zona das mesas de pedra robustas protegidas pelo Santo António, até às cortinas de tecido sacramental da porta, passando pela árvore esculpida na madeira incrustada na parede e tecto da sala e pelos tectos sistinicos. Sob inspiração do Anjo da Música tocava quase sempre algum tema do Thomas Brinkmann. Para mim era uma sonoridade nova e contagiante, carregada de sons que pareciam cair do céu em cima da linha rítmica da música. Habituado à sonoridade melodiosa continua do house fiquei surpreendido como esta nova sonoridade podia ser contagiante e inebriante. Dei por mim a pesquisar avidamente tudo o que vinha dos lados da Alemanha em especial Berlim e Colónia. Thomas Brinkmann é um experimentalista que consegue em alguns temas fazer fusão de jazz com techno, usar sons captados de automóveis, e das mais diversas fontes sonoras e ainda usar uns gira-discos com mais um braço. O tema que escolho é do ano 2000 e faz parte da colecção de maxis lançados pelo artista com nomes de mulheres. Chama-se Ulla e é bem vigorosa:

O Thomas Brinkmann esteve uma vez no Convento do Beato onde a fabulosa instalação de vídeo da Dub Video Connection com múltiplos projectores em todas as direcções, conseguiu transformar a sala fria e branca numa sala mais aconchegante. Algures entre as projecções andava uma amiga minha que dizia querer casar com o Thomas Brinkmann. Ele até aceitaria mas o Elvis, infelizmente, não apareceu para os casar.

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