DIÁRIOS DO UMBIGO

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E eis que entre copos de vinho tinto num início de noite do Bairro Alto numa Quinta-Feira qualquer dizes a palavra certa: encantamento. A falta dele nos tempos que correm, a falta de capacidade das pessoas encantarem ou deixarem-se encantar. Os medos, a auto-protecção, individual e social. Ou fecham-se ou vão aos extremos dos reality shows, da TV ou da triste vidinha própria. O meio termo não é para aqui chamado.

Olho no vazio, vazio inspirado de vinho, e com a cabeça baixa os meus olhos encontram os meus sapatos. Penso que não preciso de sapatos novos, mas que “quero” sapatos novos. Reality shoes. E continuo pensativo de vinho ao teu lado querida amiga Vera naquele bar com couves penduradas no tecto. Vinho Vera Vera vinho. In vino veritas. E vem-me à cabeça a seguinte frase; “Da arte da contenção romântica e do encantamento ao mesmo tempo”. Daria um belo título para algo bonito assim de letras ou de filosofia. E lembro-me do David Sylvian. Um estado amoroso elegante e educado, ao mesmo tempo intenso, encantatório. Rareia. Naquela mesma mesa numa noite próxima daquela chamar-me-iam de…intenso. Levei a palavra como um elogio. E era. E o acaso não existe, mas sim a premonição.

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