DIÁRIOS DO UMBIGO

  • none

(poemas de Maria Fernandes para fotos e títulos de Fedra Espiga Pinto)

ficou escrito

que nada disto
o que hoje
exala do ser
nos poderia salvar

– só tu e eu em limbos
sarapintados, êxodos escritos

e talvez que numa qualquer

Untitled-1

plataforma particular

se possa deixar enrolar a
parda cinza das noites
– todas –
em que se cruzam
iradas ondas em desaforo
contínuo uníssono

(dá-me algumas
das tuas rochas roladas
e teço-te um xaile-volúpia)

eu, que

Untitled-2

resisto se me deres uma janela,

declaro agora a evidência
da impossibilidade
de apoteose
– havendo todos os testes falhado,
restará

a ruína
do emaranhado céu
em que jazem
os cadáveres todos
de certas
palavras
ditas

Untitled-3

blue velvet

ainda que alma
alguma tal creia,
as palavras mortas,
por certo, lá estarão
no exímio instante
em que embutida
no imenso tudo
emerjo à tona
da boca do teu cais

Untitled-4

sem nome

e desde o teu cimo
vejo as sinfonias-rodopio
de toda e cada uma delas
a meus pés
– a nossos pés.

escrevo-lhe o nome:
um breve e reles

Untitled-5

untitled

bastará para denominar
o limbo informe
da existência incólume
que hoje somos

(dúzia e meia de rabiscos
no chão desolado
da nossa ausência)

Untitled-6

* Este texto não é escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.

Diários do Umbigo

Newsletter

Subscreva-me para o mantermos actualizado: