(poemas de Maria Fernandes para fotos e títulos de Fedra Espiga Pinto)
–
ficou escrito
que nada disto
o que hoje
exala do ser
nos poderia salvar
– só tu e eu em limbos
sarapintados, êxodos escritos
e talvez que numa qualquer
–
plataforma particular
se possa deixar enrolar a
parda cinza das noites
– todas –
em que se cruzam
iradas ondas em desaforo
contínuo uníssono
(dá-me algumas
das tuas rochas roladas
e teço-te um xaile-volúpia)
eu, que
–
resisto se me deres uma janela,
declaro agora a evidência
da impossibilidade
de apoteose
– havendo todos os testes falhado,
restará
só
a ruína
do emaranhado céu
em que jazem
os cadáveres todos
de certas
palavras
ditas
–
blue velvet
ainda que alma
alguma tal creia,
as palavras mortas,
por certo, lá estarão
no exímio instante
em que embutida
no imenso tudo
emerjo à tona
da boca do teu cais
–
sem nome
e desde o teu cimo
vejo as sinfonias-rodopio
de toda e cada uma delas
a meus pés
– a nossos pés.
escrevo-lhe o nome:
um breve e reles
–
untitled
bastará para denominar
o limbo informe
da existência incólume
que hoje somos
(dúzia e meia de rabiscos
no chão desolado
da nossa ausência)
–
* Este texto não é escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.