DIÁRIOS DO UMBIGO

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Fotografia:  Leandra Medina.

Há toda uma questão em torno do uso do branco no inverno, que sempre tive algumas dificuldades em entender. Não me tira o sono, mas tira-me, por vezes, a tesão de (in)vestir (n)aquele look total branco ultra-chique, de uma sofisticação atroz, que muita gente parece não enxergar.

Crescemos a ouvir christmas carols que só falam em “white christmas”, pintam-se pinheiros de natal de branco, fingindo ser algo que não são – coitados - com uma pseudo neve que não cai nem por nada (no outro dia era apenas granizo, ok?) e depois uma pessoa opta por usar branco no inverno e é um caso sério?

Nunca dei conta deste recado e há muito que uso e abuso do whiter brighter lighter na estação fria. Isto porque: primeiro, se não usar branco resta-me o preto e o cinza; segundo, se não usar branco resta-me o preto e o cinza (tem dias, o padrão animal); terceiro, se não usar branco não me restam outras cores no guarda-roupa, logo uma vez que está frio e não me apetece apanhar um resfriado, andar nua não é solução.

Mas eu percebo, a sério que entendo o porquê deste receio: tem tudo a ver com o contraste do branco com o tom da pele. Porque não estamos estorricadas pelo sol, qual celebridade da revista Caras, não podemos brilhar num fato Phillip Lim de corte impecável e de um minimalismo tão perfeito que dá arrepios (e não são do frio)? Podemos. É para isso que existe a maquilhagem, que deve ser tão natural quanto o uso do branco. É uma cor que dá trabalho, mas vale o esforço de uma base, de um anti-olheiras e de um blush. Não necessariamente por esta ordem. Não necessariamente todos, mas o suficiente para o sucesso do contraste.

No outro dia, uma colega do yôga olhou-me, enquanto me despia para vestir as vestes da prática – e estas sim de branco não têm nada (shanty shanty não é o lema) - e disse-me “branco em janeiro é sinal de pouco dinheiro!”. E fez-se luz. Então é por isso que assusta o branco? Tenho para mim que o grande culpado do pouco dinheiro em janeiro, é o Natal e os gastos desmedidos, da neve falsa para pintalgar a árvore e por aí. Mas nunca da não-cor.

O branco é lindo, maravilhoso, puro, e merece mais que um lugar ao sol reservado aos meses quentes. O branco é simples e descomplicado.

Nós é que o tornamos num caso sério.

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