Um Expoente do Concretismo Paulista.
Figura central do movimento concretista em São Paulo, Luiz Sacilotto (1924-2003) era filho de imigrantes italianos. Estudou pintura no Instituto Profissional Masculino do Brás, entre 1938 e 1943, e desenho na Associação Brasileira de Belas Artes, de 1944 a 1947. Trabalhou como desenhista técnico e projectista de esquadrias de alumínio para produção industrial, no escritório de arquitetura de Jacob Ruchti e depois com Villanova Artigas. Actuou também como projectista na Fichet em Santo André, cidade onde sempre viveu.
As suas primeiras obras demonstram uma recusa aos padrões académicos e uma afinidade estética com o Grupo Santa Helena. A partir de 1944, sua pintura ganha um carácter expressionista que se desenvolve até atingir formas e cores pujantes. O contacto com as obras abstractas de Calder e Kandinsky foi decisivo para a definição da sua trajectória.
Na exposição 19 Pintores, realizada na Galeria Prestes Maia em 1947, conheceu Waldemar Cordeiro, Lothar Charoux, Geraldo de Barros, Kazmer Fejer, Leopoldo Haar e Anatol Wladyslaw, futuros companheiros concretistas com os quais fundou em 1952 o Grupo Ruptura. O convívio com este grupo foi importante para o seu aprimoramento teórico e para o desenvolvimento do seu trabalho no ateliê, que em meados de 1948 já reflectia uma consciência abstrato-construtiva. Considerado um dos importantes artistas concretistas no Brasil e um dos precursores da Op Art no país.
Sob o título de Concreções (numeradas pelo ano e pela sequência de produção) agrupam-se pinturas, relevos e esculturas com estruturas ritmadas e vocabulário geométrico. A sistematização do movimento, repetição e os jogos ópticos são os pontos fundamentais para a construção da sua obra. Os relevos de alumínio pintado e as esculturas de latão e alumínio anodizado partem do plano para o espaço, em operações de corte e dobra, como se vê em Concreção 6351 (1960). Procurava explorar nas suas obras o princípio de equivalência entre figura e fundo, a igualdade de medida entre cheios e vazios e as contraposições entre positivo e negativo.
A sua obra sempre permaneceu fiel aos preceitos concretistas, reunindo o rigor formal e sensibilidade. Com efeito, Sacilotto utilizou como poucos as leis da estrutura preconizadas por Max Bill, consubstanciadas no alinhamento, no ritmo, na progressão, na polaridade, na lógica interna do desenvolvimento e construção. Também recebeu influência do pensamento estético de Mário Pedrosa e seus estudos sobre a teoria da Gestalt. A origem operária de Sacilotto não pode ser desconsiderada para a compreensão da sua obra. Serralheiro exímio, inventor de esquadrias de metal de rigorosa construção e mesmo de vitrais, ele teve nesse ofício a prática diária do artesão que busca o equilíbrio de superfícies e estruturas.
Actuante em movimentos políticos, Sacilotto manteve-se na semiclandestinidade durante o período da ditadura militar, adoptando uma postura discreta nos anos 60, sem deixar de produzir. Nos anos 70 experimentou novas técnicas e materiais, como a serigrafia. Em 1989, recebeu o prémio de artes visuais da Associação Paulista de Críticos de Arte, e em 2000, foi eleito o melhor artista pela mesma instituição, recebendo também o prémio pelo conjunto da obra da Associação Brasileira de Críticos de Arte.
Em 2013, integrou a exposição 30 x Bienal, ao lado de outros 110 artistas relevantes para a história da Bienal Internacional de São Paulo, da qual participou em seis edições.