DIÁRIOS DO UMBIGO

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Exercendo o hobby de flâneur tal Baudelaire de início de Século Vinte e Um e estando na Praça do Chile resolvo partir à aventura, Arroios acima, ir pelo caminho mais difícil, o menos óbvio, o desconhecido, mas aquele que produz o frémito da alma e vou à deriva, vela desfraldada colina acima. Bússulas ao mar! Números e ponteiros de máquinas do tempo não me agrilhoam à masmorra da mesmice! E vou vento, e como sempre surpreendo-me com ruas que não conhecia, prédios, vilas, lojas, mirantes. Uma vida em Lisboa a sempre a descobrir. Passando em frente à escola na Rua da Penha de França ouço de longe umas bocas dos alunos mitras sobre as minhas meias azul bebé a orgulhosamente exibirem-se nas calças devidamente curtas. Faz parte. Foram vestidas para serem vistas, foram vestidas para serem saboreadas por mim, e faz parte a reacção da plebe. Da plebe espiritual diga-se.

E eis-me na Graça, o meu bairro, onde num destes Domingos tive o privilégio de estar no Laboratório, ao qual chamo carinhosamente mas com alguma acidez de “a Zé dos Bois da Graça”, a acidez vai para a Zé dos Bois é claro (Ái vão guarda?) e onde fui brindado com o Jimmy Smith a tocar o seu órgão Hammond B3 só para mim. É como disse o Reinaldo Moraes; “a cidade excita-me todos os dias”. Ou como cantou o Paul Weller; “in the city there´s a thousand things I want to say to you”. E digo. E mostro.

 

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