DIÁRIOS DO UMBIGO

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Escrevo esta crónica num dia em que não estar feliz, é completamente despropositado e condição inaceitável: é sexta-feira, está um dia de sol maravilhoso, fiz as pazes com uma amiga do coração, fechei a edição de abril da revista, vou fazer uma aula de yôga às 19h e, para terminar em beleza, espero acabar o dia a dançar no Lux até o sol raiar. Coisa que não pratico faz tempo.

Não me julguem pelo cliché do tema. Acho-o bastante actual e, uma vez que escrevo essencialmente sobre tendências, achei relevante: a felicidade está na moda. Ser feliz é, efectivamente, trendy.

Sou seguidora da Gisele Bündchen no Instagram. Tornei-me, não porque seja a sua fã número um como modelo, mas porque as suas fotografias transmitem sempre, uma alegria contagiante, um espírito positivo e optimista inacreditáveis. E assim tornei-me sua fã número. Muito para além da Gisele top model, é a pessoa “Gisele” que me fascina. E acho que, aos poucos, tem fascinado o mundo inteiro – da moda e da não-moda.

Depois de cerca de duas décadas em que o endeusamento recaia sobre modelos esfrangalhadas, de aspecto frágil, infelizes, revoltadas, cabiz baixo, esquálidas, esqueléticas, deprimidas (de preferência), entre outras tantas características que incidissem sobre a não-felicidade, arrisco-me a dizer que o panorama está a dar uma grande volta. Felizmente, a bem da felicidade de que o mundo tanto precisa (e carece).

É óbvio que quando olhamos para a vida de Bündchen, a questão da possibilidade da sua não-felicidade, torna-se  completamente irreal: é linda, tem um corpo de sonho, é a manequim mais bem  paga do mundo, tem um casamento (aparentemente) feliz, dois filhos lindos (e mantém o corpo de sonho!), etc e por aí além. Mas convenhamos: quantas mulheres lindas e maravilhosas e com sucesso a percorrer-lhes as veias, não existiram já? Whitney Houston, Marilyn Monroe?

Pois é, talvez a felicidade se encontre mesmo dentro de nós. Talvez a felicidade seja um bem que não se adquire através de dinheiro (ajuda muito, mas não basta), de um corpo de sonho, ou de uma carreira brilhate. Vivemos uma época tão difícil, que talvez o melhor seja descomplicar e limitarmos-nos a apreciar o que é bonito, o que nos faz bem, quem nos quer bem, quem nos ama e quem amamos de volta. Talvez o optimismo e o positivismo sejam as  grandes aliadas de uma vida tranquila, em que os altos não serão inacreditáveis, mas os baixos também será relativizados.

Talvez seja do sol, talvez seja da aula de yôga que vou fazer daqui a nada, talvez seja por ter feito as pazes com a “minha Catarina”, talvez seja porque vou dançar até o sol raiar, ou talvez seja pelos instagrams da Gisele Bündchen, mas, definitivamente, a tendência que vou seguir na estação actual chama-se felicidade. A melhor parte? É grátis e, gordas, magras, brancas ou bronzeadas, fica-nos sempre a matar.

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