Por volta do ano 2000 os franceses definitivamente davam cartas na música de dança electrónica. Raro seria o DJ que não tocava um tema de um artista francês nessa altura. O bar Capela e a Discoteca Lux tinham aberto há pouco tempo e tudo ainda parecia novidade em Lisboa. Eram bastantes os discos franceses que chegavam à capital. Tive a sorte de numa das minhas passagens semanais pela loja de discos Flur ter ouvido um dos discos que me parece ser a junção perfeita entre a house music e a electrónica. Fiquei logo deliciado com o primeiro EP lançado pela editora Atavisme de nome 6 Millions Pintades, da autoria de Pépé Bradock. Este disco tem um pormenor curioso pois tem um lado chamado Papa e outro Maman. O lado Papa contém a faixa Life que até hoje continua a proporcionar-me descargas de serotonina e dopamina sempre que a ouço. É um tema para pessoas sensíveis, capaz de se tornar inebriante se a pessoa se deixar ir deleitada na viagem melódica e compassada com apontamentos de electrónica requintados.
Pépé Bradock, Panash’, Trankilou ou Brad Peep são pseudónimos do DJ parisiense Julien Auger, o qual começou por tocar guitarra aos 14 anos com bandas de Jazz Funk. Passou pelo Hip Hop, onde produziu os primeiros discos até que, descobriu o Techno e a House Music por ter ido a algumas festas e raves. Desde aí que o seu estilo de música hipnótico nos permite partir em viagem e colecionar paisagens.