DIÁRIOS DO UMBIGO

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Imagem: Agent Provocateur.

Certas coisas são inevitáveis num dia como o de hoje. Uma delas é falar amorês. Outra é tropeçar, várias vezes por dia, em balões de formato coração. Ou chocar com jovens engravatados semi-energonhados, ostentando orgulhosamente ramos de flores nas mãos, prontos para oferecer às suas mais-que-tudo (suas-mais-que-tudo-pelo-menos-a-14-de-fevereiro). O terceiro ex-líbris do dia, é a aclamada lingerie. É vê-las, doidas, enfiadas nas cabines das Intimissimis, w's e afins (quando as verbas não chegam para as La Perla ou Agent Provocateur da vida), prontas a (re)conquistá-los, no espaço de 12 míseras horas. Tarefa que por vezes, leva meses. Anos. Sou tremendamente contra este movimento da busca da lingerie perfeita. Refraseando: sou tremendamente contra este movimento da busca da lingerie perfeita, APENAS a 14 de fevereiro. Há toda uma vida a acontecer entre 1 de janeiro e 13 de fevereiro, assim como, entre 15 de fevereiro e 31 de dezembro. Numa relação, a chama da paixão deve ser mantida quente (não a escaldar que o que é demais estraga), 364 dias por ano, e não apenas a 14 de fevereiro. Convenhamos, 364 dias é muito dia, e mais que suficiente para que muita coisa aconteça.

Este é o primeiro ano, desde alguns últimos, que estou solteira numa data como estas. Mas se há coisa que sempre quis manter durante toda a relação, foi a chama acesa. E a preocupação com a lingerie é condição sine qua non para tal. Não é preciso que seja o suprasumo do sexy num registo diário, mas uma preocupação q.b é mais que necessária. A parte boa de se estar solteira, é poder relaxar neste campo e, acreditem, passa-se muito menos frio à noite na cama (apesar de não haver ninguém para nos aquecer os pés). As camisas de noite rendilhadas estão delicadamente arrumadas na gaveta à espera que rebente a nova época e, até lá, a flanela é a cara-metade nas noites frias de inverno.

Para além disso, uma lingerie em bom estado – e quando refiro bom estado não é preciso rendas, pérolas ou entrelaçados, basta que não esteja larga demais, apertada demais, russa ou com ar gasto e velho relho – é o suficiente para nos sentirmos bem connosco. Sensação que por sua vez é passada ao próximo, o que, por sua vez , faz com que o próximo não sinta a necessidade de olhar para o lado. No fundo, no fundo, tudo se resume a que nos sintamos bem na nossa pele, e a lingerie pode muito bem auxiliar nesse sentido. E sai muito (um pouco, vá) mais barato que o psicólogo.

É por estas e por outras que, apesar da ausência de companhia à noite, a flanela é, por vezes, subsituída pela fresquíssima (enregelada) camisa de noite preta em renda, linda e maravilhosa. Sim, “ela” tem poderes mágicos e acordar com “ela” vestida dá outro tipo de confiança ao dia banal que se aproxima.

Assim, amor amor, clichés à parte: lingerie ultra sexy hoje porque sim. Lingerie sexy e cuidada para os restantes dias do ano, sem qualquer sombra de dúvida. Porque para o amor o cliché não basta. Bastaria, se fosse aplicado todos os dias. 365 por ano. E aí não era cliché.

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