Encontro-me num estado demasiado emocional barra espiritual barra introspectivo barra toda uma mood, que resulta numa total inaptidão para escrever coisas, que impliquem todo um estado de alma racional e/ou material (pausa e tempo para respirar).
Foi esta a reacção que me bateu à porta (ou à janela do computador), sempre que tentei redigir, nos últimos dias, algo digno de ser o primeiro de muitos textos, assinados por mim na coluna semanal da Umbigo online.
Quando surgiu este convite, a felicidade também me bateu à porta. Ela, lado-a-lado com a “tal” sensação, também conhecida como síndrome da folha em branco. Isto porque a ideia era escrever sobre moda. Moda e afins. Afinal, é sobre isso que escrevo, por hábito. Mas também não é mentira que me aborrece “apalavrar” apenas sobre moda.
Por duas razões: uma é que nem só de trapos vive uma mulher na casa dos early trinta. Depois, porque sou alguém que escreve por impulso. Por necessidade. Escrevo porque tenho de depositar nalgum lado o que me vai na alma. Não sei guardar cá dentro, sufoca-me. E isto acontece porque me apaixonei pela colecção de Alexander Wang, porque vomito a nova moda das socas, ou porque há uma música que me toca quando toca (passem a redondância), provocando em mim convulsões interiores, que precisam de ser expelidas a todo o custo. E eu só o sei fazer através da escrita (ou da dança, mas infelizmente não me posso pôr a dançar em cima da secretária do trabalho).
E calhou não surgir nada relativo à moda que me causasse efeito suficientemente bang, e que pudesse resultar num belíssimo “primeiro de muitos”. Depois das queixas consecutivas à Elsa da Umbigo “estou desinspirada, não me sai nada...”, e depois de dar voltas e voltas à cabeça, foi esta música – e esta música apenas – que despoleotou em mim o seguinte “porque não”: porque não escrever para além da moda? Porque não escrever sobre o que me dá na real gana? Porque não assinar artigos que assassinam, à partida, a ideia de que só a moda interessa aos leitores da Umbigo? Este cover dos MGMT – maravilhoso por sinal – foi um verdadeiro electric feel no meu estado de desalma com a moda. E o resultado está à vista.
Daqui pra frente, será um “we'll see” que espero que corra sobre rodas e faça, igualmente, correr muita tinta (para os meus lados, é claro). De qualquer maneira, fica a honesta promessa que sublinha não haver dois textos iguais. E que, quer esteja num estado emocional barra introspectivo, quer esteja racional barra fútil, a coluna será preenchida, semanalmente, com palavras que irão provocar, pelo menos, ou um sorriso, ou uma gargalhada, ou uma emoção ou uma expressão facial. Na melhor das hipóteses, todos.
Em caso de inacção da vossa parte - a pior das hipóteses - emailem-me que eu prometo desassossegar-vos a mente na semana a seguir. Ou na próxima. Afinal, este é apenas o primeiro de muitos.