O Fluid, ali em Santos, foi um micro-club lisboeta. Comecei a tocar lá nas terças-feiras à noite e fui progredindo até chegar à noite de sábado. Permitia-me tocar um registo mais Deep House o que me agradava imenso. A proximidade das pessoas com a cabine, por vezes, complica e perturba o trabalho do DJ, desconcentrando-o. Numa noite no Fluid, ao tentar responder a uma pessoa que estava perto da cabine, distraí-me e enfiei um vinil, que me era precioso, na capa de papel interna e de repente ouço CRACK! O vinil, confesso, é difícil de partir, mas o raio do disco caiu mesmo na perpendicular ao chão e partiu-se-lhe um bom bocado. Para minha grande fúria, o bocado partido levou-me um pedaço da minha faixa favorita do EP Galaxy to Galaxy (1993 UR 025) da Underground Resistance – editora de música mais voltada para a consciencialização e mudança, formada por Jeff Mills, Mike Banks, Robert Hood, e muitos outros convidados. Fiquei a pensar: mas como é que eu consegui fazer isto? Conclui que, enquanto eu respondia à pessoa que me falava, larguei o disco e este atravessou a capa de papel interior do duplo EP em direcção ao chão, quebrando-se. A capa interior estava rasgada. Fiquei tão aborrecido com o sucedido que tive de pedir logo dois vodkas (com sumo de maçã natural) de seguida para me acalmar. Por um momento de distracção, a fantástica faixa do Mad Mike tinha ficado sem um pedaço. Lá me tentei recompor mas ter ficado sem a música, resultante da experiência da junção do Techno de Detroit com o Jazz, entristecia-me. Deixo-vos, aqui, o resultado dessa experiência:
