ARQUITECTURA

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As questões da actual emigração, das políticas sociais nos diferentes continentes e do repensar o papel do arquitecto na recuperação de uma economia, parecem ter sido mote para o projecto TANTO MAR com curadoria do ateliermob, agora em exposição até 20 de Julho na Garagem Sul do CCB.

É visível o interesse de várias equipas curatoriais em mostrar lá fora o trabalho dos arquitectos portugueses, como são exemplo a exposição discrição é a nova visibilidade, já aqui mencionada neste espaço; a exposição Arquitectura: Portugal fora de Portugal, que em 2009 levou até Berlim distintos trabalhos com autoria de arquitectos sediados em Portugal e construídos noutros Países, esta comissariada por Ricardo Carvalho e promovida pela Ordem dos Arquitectos ou a exposição Overlappings iniciada em Londres a convite do Royal Institute of British Architects, onde o comissário Jonathan Sergisone faz percorrer por várias cidades Europeias o trabalho de seis ateliers portugueses.

Pelo contrário, Tanto Mar pretende mostrar em Portugal aquilo que tem sido produzido fora do país por diferentes gerações de arquitectos portugueses residentes além fronteiras, numa leitura assumidamente política sobre o contexto actual pouco simpático à prática da arquitectura e que tem provocado um aumento exponencial da taxa de emigração. É com uma reflexão sobre este tema que a exposição se inicia e que depois de nos mapear os trabalhos seleccionados se desenvolve ao longo de trinta e três projectos divididos por cinco temáticas: Emergência; Escassez; Urbano; Informal e Formal.

Mergulhamos numa heterogeneidade de equipas, actos, gerações e contextos, com escolhas que nos demonstram diversidade, levando o espectador a questionar ora os edifícios apresentados ora as acções sociais a que as equipas de projecto se propõem. Mas se é verdade que há riqueza que advém dessa diversidade apresentada, também é certo que há critérios de selecção que se tornam ambíguos ao visitante em cada um destes tópicos, devido a uma pluralidade pouco assertiva nas balizas geográficas e temporais.

O desenho da exposição é convidativo, tanto pela lógica de percurso que nos faz caminhar até ao final para desvendar a sua chave de leitura como pelos painéis azuis de disposição ondulante que reforçam o seu título. Contudo, os conteúdos que são referidos como responsabilidade de cada um dos participantes, podiam não só ser mais eficazes na informação como na uniformização destes dispositivos, existindo espaço para uma composição mais detalhada.

O trabalho aqui apresentado tanto tem de ousado como de frágil. A proposta de mapear o que os arquitectos portugueses estão a fazer pelo mundo parece de facto ambiciosa e oportuna, colocando reticências na necessidade do rótulo de arquitectura social. Das duas mesas redondas propostas pelo ateliermob anteriores à exposição para se debaterem as ideias base deste projecto fizeram parte Anna Buono, Cesar Reyes Nájera, Ethel Baraona, Fredy Massad, Inês Moreira, Joaquim Moreno, José Mateus, Luís Santiago Baptista, Marta Silva, Pedro Campos Costa, Shumi Bose e Vera Sacchetti. Nestas reflexões conjuntas foi sentida essa fragilidade quer no tema do social quer na leitura política sobre a emigração que o atelier queria vincar, mas também toda a multiplicidade de enfoques que esta investigação nos traz.

Esta exposição deve ser encarada como um ponto de partida para uma investigação que se iniciou há três anos mas que se pode tornar muito mais exaustiva, precisa e delineada. É fácil cairmos na tentação de querermos balizar uma escolha num tema que seja actual e provocador mas as questões aqui levantadas acabam por vezes por nos chegarem de forma diluída em relação à sua complexidade. É de notar que os curadores nunca mostraram querer passar um resultado conclusivo, mas sim ensaísta, tanto na possibilidade de debate que quiseram proporcionar nas mesas redondas, como no discurso em cada visita de exposição, na voz de Tiago Mota Saraiva.

A visitar para reflectir e levar-nos a outros rumos, tanto de descoberta de mais contextos em que os arquitectos portugueses desenvolvem trabalho como de ambição de interfaces de investigação.

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