Ambiente descontraído foi o que encontrámos para ouvir Dean Wearham e a sua banda, como se estivessem a tocar para amigos, algo que o Sabotage proporciona, sendo uma sala acolhedora que convida a uma certa intimidade. Um bom local para apreciar a música do músico neo zelandês, portanto.
Dean Wearham mostrou-se algo tímido em palco, mas isso não o impediu de falar com a audiência ocasionalmente, e sorria quando o público aplaudia entusiasticamente as bonitas canções deste veterano indie rocker, mostrando simpatia e apreço pelos seus fãs.
Percorrendo toda a sua carreira (já lá vão quase 30 anos) num alinhamento equilibrado, que passou pelas diversas fases do seu trabalho enquanto songwriter de méritos reconhecidos. Ouvimos um par de canções do seu novo álbum, o primeiro em nome próprio, composições que seguem a sua tradicional veia indie pop de um enorme bom gosto, mas sem acrescentar algo novo ao seu percurso.
Mas foi quando Dean Wearham revisitou o seu passado que o concerto atingiu os seus pontos altos. A pop sofisticada e gentil dos Luna, banda que lhe deu notoriedade especialmente durante os anos 90, esteve presente, tocando 3 canções dos melhores álbuns do grupo, Bewitched e Penthouse, respectivamente o segundo e terceiro registo de longa duração desta banda nova-iorquina que deixou saudades. E, como não poderia deixar de ser, quando Wearham desfila as canções dos Galaxie 500 (para muitos, uma das melhores bandas de rock independente de sempre), arranca as reacções mais deslumbradas dos presentes. Faz sentido: A beleza visceral de canções como Blue Thunder ou 4th of july não deixaram ninguém indiferente. Aquela doçura melancólica que caracteriza o extinto trio norte americano, que encanta pela sua simplicidade, partindo do legado dos Velvet Underground, foi magnificamente executada por Wearham e a sua banda de apoio, onde se destaca a presença discreta mas eficaz de Britta Phillips (sua companheira há já uns bons anos, com quem gravou álbuns em parceria, tendo feito tambem parte dos Luna ) no baixo, teclas e vozes.
Quando Dean Wearham toca a música dos Galaxie 500, os seus ritmos de guitarra remetem-nos de imediato para o estilo inconfundível de Sterling Morrison. Os seus solos são absolutamente hipnóticos e psicadédicos, as belas melodias alternam com momentos de maior efervescência eléctrica que acontecem com maior intensidade comparando com o que escutamos nos álbuns. E o baixo de Britta é tocado de uma forma melódica, bem ao jeito de Peter Hook dos New Order, algo que dava um toque especial às canções dos Galaxie 500. Aliás, o quarteto tocou uma excelente cover de Ceremony, o primeiro single da referida histórica banda britanica, bem como óptimas versões de Indian Summer dos Beat Happening e Don´t Let Our Youth Go To Waste de Johnathan Ritchman, tudo versões que são presença habitual nos concertos.
Em resumo, uma boa performance que não defraudou os fãs. Volta sempre, Dean.