A Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitetos tem vindo a desenvolver algumas campanhas com o intuito de aproximar os clientes aos arquitetos e simplificar esta relação quer no ato da escolha, quer no desenvolvimento da obra, focando o trabalho dos arquitetos na prática da encomenda.
Neste sentido, o programa escolha - arquitetura chega até todos nós através de um portal desenhado especificamente para simplificar a relação de todos os cidadãos com a linguagem dos arquitetos, que muitas vezes parece distanciada e hermética em relação ao cliente, seja ele particular ou institucional. Uma disciplina com mais de 3000 anos de história reconhecida enquanto tal, que influência o dia-a-dia de todos e que tantas vezes parece ser discutida em circulo. Pretende-se que o alvo seja bem mais abrangente, enfatizando o arquiteto enquanto mediador. Para tal, numa altura em que já nem listas telefónicas existem para se chegar a um arquiteto, é necessário simplificar a linguagem e trazer a discussão da arquitetura para um plano menos elitizado.
Numa procura de confiança num profissional onde os clientes se revejam, promove-se aqui a possibilidade da escolha, fornecendo-se ferramentas para pesquisa de obras, de arquitetos e para simulação de custo de obra. Mas o programa é mais ambicioso e promove a visualização de vídeos que retratam a relação de clientes com arquitetos, concursos que promovem exatamente a ideia da encomenda, quer para o nosso território continental como para as nossas ilhas e culmina na exposição Arquitetura em Concurso: Percurso crítico pela modernidade portuguesa, que inaugura hoje às 19h na Garagem Sul do CCB (brevemente aqui em análise).
Esta exposição, com a curadoria de Luís Santiago Baptista, mostra-nos uma seleção de um século e meio de concursos de arquitetura: analisados como a forma mais livre e aberta de acesso à encomenda de arquitetura e originando múltiplas leituras políticas, económicas e de representação da própria Arquitetura que esta análise fomenta.
Desde a campanha Trabalhar com Arquitetos a esta plataforma escolha arquitetura há de facto um alargar de ambições por parte da OASRS na procura de chegar mais próximo à sociedade em geral. Rui Alexandre, Presidente da OASRS gostaria de deixar deste seu segundo mandato “projetos sólidos com capacidade de continuidade. Projetos que se estão a iniciar agora, que vão ter um ano para crescerem ainda mais e que precisam depois de uma estabilidade. Aliás é como o País, se as coisas forem boas e eficazes, que tenham continuidade.”
Estando nós tão habituados a que tanto o público em geral como os próprios arquitetos se sintam distanciados da Ordem dos Arquitetos, abre-se aqui uma porta para a possibilidade de um reencontro de um maior número de pessoas. Este trabalho faz sentido se não for entendido como pontual mas sim como uma plataforma para ser mantida, como um desafio de continuidade que não se pode esgotar aqui.