MÚSICA

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"Com apenas 24 anos, 10 são dedicados à sua carreira, talvez por isso tenhamos a tendência de nos esquecer que ainda é muito jovem. A idade nunca foi causa, consequência e muito menos obstáculo. Pelo contrário, apesar de se confessar um falso extrovertido, é evidente que o Zé Manel (Darko) tem uma vida plena de intensidade e experiências. Admite que cometeu erros, quando transmitiu uma ideia diferente de quem era. Porque ele é muito mais cheio e complexo que os rumores e as fotos que invadiram os quiosques das “revistas cor-de-rosa”. Na realidade e apesar da sua profundidade e das palavras, reconhecemos o Zé Manel naquela que é a sua forma de comunicar, a que o envolve por inteiro, a música. Essa é a sua casa, o seu conforto, a sua identidade, onde explicitamente se expõe na sonância que transmite. A palavra em si encerra grande parte do seu ADN, o som e ânsia. Um puzzle que determina a relação dos sons com as emoções em estado de sublimação.
Eu apareci por convite. Tive a saborosa oportunidade de privar com uma nova geração portuguesa, onde senti o seu pulsar de ideias, de coisas para e por fazer, de projectos e de muito talento.

Tens um lado provocador e atento às reacções dos outros. O que te move para provocares? Transformas esses sentimentos em letras, histórias, sons?

Eu não me vejo, de todo, dessa forma. Caio na inconsciência de achar que me sei explicar e que todos vão perceber coisas que para mim são óbvias. Somos demasiado diferentes para que possamos viver com a transparência que eu gostaria. O mundo é competitivo, as pessoas nem sempre se movem por sentimentos dignos e eu esqueço-me disso com uma facilidade incrível. Por muito que me custe a admitir, a minha perspicácia ainda é suplantada por alguma ingenuidade.Umas vezes corre bem, outras nem por isso. Claro que todos estes desconfortos ou mágoas só tem lugar na minha música. Na minha vida, exijo-me e obrigo-me a ser feliz todos os dias.

E inverter o processo, a música em imagens, como seria?

Jamais conseguiria dissociar as coisas. Talvez um dia seja organizado que chegue para concretizar o que seria um dos meus sonhos: escrever um livro, realizar o filme e compor a banda sonora. Sou extremamente gráfico e quando apresentei a minha primeira maqueta do projecto Darko perguntaram-me que tipo de música eu queria fazer. A minha resposta foi simples: música que faça as pessoas visualizar um filme na sua cabeça.

Reparei que és disciplinado e profissional quando estás a trabalhar, mas sem perderes uma certa rebeldia versus timidez. Como foi fazer este vídeo, que se parece com uma pequena curta, realizado pelo André Badalo?

Foi um feliz acaso. Muitas vezes vivo o complexo de não acreditar que as pessoas que admiro me possam admirar de igual forma. Acho que ter-me cruzado com alguém como o André fez com que voltasse a acreditar que é cedo para tudo. Creio existir entre nós uma identificação que vai para além da parte profissional e isso leva a que aprendamos a confiar as nossas ideias a outra pessoa, para que se desenvolvam de uma forma menos tendenciosa. Creio que seja, talvez, o melhor vídeo que ilustrou a minha carreira até hoje e estou profundamente grato por isso. Cada um dos envolvidos torna-me melhor e eu quero ser muito melhor.

Sobre a minha prestação não vamos falar ... que é feio (risos). Na realidade do que fala este tema (Until the morning comes)?

Feio era se eu não tivesse permitido o momento de inconsequência que me levou a desafiar-te. Como te disse, jamais acreditei que pudesses aceitar. Muito menos acreditei que fosses o ser humano que és e posso dizer-te que a motivação e confiança que isso me proporcionou será inesquecível. Na realidade, tive uma relação profundamente conflituosa durante os últimos dois anos que acabava sempre por descarrilar em noites de boémia. A chegada da manhã simboliza a paz, após uma noite bem dormida. É apenas uma história de mau vinho, metaforizada de uma maneira despretensiosa, crua e simples.

Ainda bem que existe o sono para nos lembrar de que amanhã é sempre um novo dia."

O resto da entrevista poderá ser visualizada, na integra, na próxima edição da Revista Umbigo #45

Imagens: Carlos Ramos

Make UP: Carla Pinho

Hair: Alice Teixeira Cabeleireiros

Agradecimentos: Original Features, Fuseta.

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