Fotografias: António Néu.
A Umbigo aterrou ontem naquele que já considero o festival dos festivais: Sónar!
Fiquei acima de tudo surpreendida pela eficiência da organização, pois num festival que traz a Barcelona milhares de pessoas tudo parecia funcionar a 100%. Chegam ao detalhe de ter um posto para carregar telemóveis. A programação é uma loucura e o difícil é escolher, pois a oferta musical é imensa e divide-se por vários espaços onde bandas e DJ's vão actuando em simultâneo: Sónar Village, Sónar Dôme (Red Bull Music Academy), Sónar Hall, Sónar Complex e ainda o Despacio a cargo de James Murphy e 2Many DJ's.
Bom, chegámos e o primeiro passo foi andar por ali a fazer o reconhecimento do espaço. Um palco principal com um relvado sintético pela frente onde actuavam os MØ, um "híbrido contemporâneo" da cena nórdica que engloba elementos da pop, trap, funk, electro e hip hop. Em seguida fomos até ao espaço da Red Bull mas rapidamente desistimos. Um techno minimal e repetitivo que exalava noite por todos os poros, mas a magia do Sónar by Day é ser ao ar livre e o que apetecia acima de tudo era ouvir sonoridades diferentes e que nos levem a descortinar as misturas que envolvem. Queríamos também conhecer pessoas pois este é um festival não só de música mas também de ambientes e um manancial de actividades paralelas integradas no Sónar+D, Sónar Cinema, etc.
As pessoas são giras e oscilam entre o casual, excêntrico e o look despreocupado. Parecia uma passerelle em que os modelos são os espectadores. Falámos com meio mundo e percebemos que ao Sónar vão pessoas dos quatro cantos do mundo, maioritariamente europeus. Muitos estavam ali pela primeira vez e tal como nós foram tanto pela música como pelo ambiente. Num próximo artigo publicaremos as entrevistas feitas.
No Sónar Hall, Nils Fraham dá-nos uma lição de música avançada. Tem o domínio das teclas e mostra-nos a forma brilhante e eruditamente electrónica como as usa. Um deleite após o concerto de BFlecha que considerámos musicalmente bom mas quando a sua voz entrava em cena tudo desmoronava. Em seguida o canadiano Ryan Hemsworth deu-nos uma lição de DJ'ing e com a sua escolha musical abriu a pista na relva. Move-se na fusão entre o alternativo e o mainstream e nesta tarde misturou r&b, hip-hop, post-dubstep e pop contemporânea.
Tinha chegado a hora de irmos até ao Sónar by Night, em Montjuic que geralmente só inicia na sexta-feira mas decidiram fazer um concerto inaugural de Massive Attack para acreditados e para alguns vencedores de um passatempo. Lucky us. O concerto foi acima de tudo um despoletador de memórias de uma banda que comecei a ouvir em 1998 e da qual sempre gostei. O duo de Bristol formado por Robert Del Naja e Grant Marshall deram-nos o concerto perfeito. A banda escolheu o Sónar para apresentar o seu novo espectáculo que se revelou uma exploração audiovisual que funde propaganda e tecnologia. Robert Del Naja criou todo um cenário visual que integrou música, arte e um discurso político. O ambiente estava ao rubro e as pessoas cantavam, dançavam e mostravam o quanto estavam a gostar. O ponto alto foi Unfinished Sympathy que soou no encore e que nos fez vibrar. A par com todo o cenário estavam os convidados especiais da banda que cantaram diversos temas e os quais ainda não conseguimos descobrir o nome pois eram convidados surpresa.
Voltámos para casa de alma cheia e hoje esperam-nos várias coisas boas, entre elas: Matmos, Buraka Som Sistema, Woodkid, Loco Dice, Caribou, Todd Terje, entre muito outros.
Até logo!