Fotografias: Diogo Lopes e Joana Cotter Salvado.
Close, Closer, a última edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa abriu o debate a muitos participantes e a cerca de cem Projectos Associados. É verdade que houve dispersão de opinião por parte dos públicos e uma lógica curatorial ousada por parte de Beatrice Galilee que questionou os limites daquilo a que tradicionalmente entendemos como Arquitectura, numa altura em que é oportuno e talvez até necessário debatê-los, mas também ambígua nos seus resultados e na sua estratégia.
Da grande dificuldade em assimilar uma programação impossível de acompanhar na sua totalidade ficou a certeza de que há muitos projectos ambiciosos, ideias que ainda fervilham e vontade por parte de muitos em não cruzar os braços, perante o actual cenário onde essa poderia parecer a única saída.
GETTING THROUGH | Analysis & Transformation . SHED76 é um projecto associado, com a curadoria de Joana Cotter Salvado e Joana Matos, que continua a sua programação num prolongar de vida além do calendário da Trienal. A exposição vive de dois momentos distintos onde se explora a noção de proximidade, numa escala corpo-objecto.
Uma primeira fase – Analysis - onde se convidam vinte personalidades de áreas diversas como a arquitectura, a música, a moda, a psicologia ou a literatura a nomear um objecto pessoal. Este acto de escolha requer o revisitar de memórias e o seleccionar de uma história que expõe o seu representante a partir do explorar de diferentes escalas afectivas e tácteis com objectos que nos aproximam ou afastam pelo seu desenho ou pela sua simbologia.
Um segundo momento – Transformation – que implica interpretar um objecto da primeira fase a partir da sua génese mas também do seu significado no acto da primeira escolha. Arquitectos, designers e artistas criam novos objectos intrinsecamente associados aos primeiros, através do seu teor formal, funcional, temporal ou até mesmo especulativo.
Aos resultados físicos presentes na exposição soma-se um espaço de reflexão proporcionado pelas conversas que têm juntado um autor da primeira escolha com um criador da transformação. Aqui temos assistido a discursos de grande envolvimento, tanto pela sua natureza analítica como pela contaminação de áreas e experiencias que esta simbiose exige.
O desenho do espaço expositivo SHED76, projectado pelo atelier sousasantos arquitectos, desafia-nos a uma experiência arquitectónica corpo-espaço-objecto onde os limites são decifráveis de maneira diferente em cada uma das fases. Paredes de madeira com aberturas circulares variáveis que atribuem escala aos objectos, onde um vazio entendido como passagem se assume como área intocável de uma peça, espaço percorrível que se torna visível mas não alcançável, bancos que afinal seriam parede e um adivinhar de possibilidades que são deixadas em aberto para lógicas de apropriação deste mesmo sistema.
A Análise enquanto aproximação e Transformação é abordada neste projecto à escala do objecto mas encarada de forma mais ampla em qualquer acto arquitectónico à escala do território.
SHED76, Rua das Fontainhas, n.º76 (Alcântara) – 1300-076 Lisboa
Hoje, dia 27, às 19h uma nova Conversa: o designer Fernando Mendes (Analysis) e os Designers João Valente e Martinho Pita (Transformation) dão seguimento aos encontros que já juntaram José António Tenente com Joana Astolfi; Olga Roriz com Beyond architects; Pedro Bandeira com Pedro Campos Costa; Joana Amaral Dias com Jorge Sousa Santos; Ricardo Bak Gordon com João Simões; Luís Santiago Baptista com Pedro Noronha Feio e Hugo Mateus Claro com Atelier Rua.