70 espaços para despertar o olhar
Lisboa Open House recebe no próximo fim-de-semana de 11 e 12 de Outubro a sua terceira edição. É o evento promovido pela Trienal de Arquitectura de Lisboa que concentra em dois dias a possibilidade de se visitar gratuitamente arquitectura de excelência. De edifícios que geralmente não são abertos ao público, a espaços de bastidores que poucos costumam ter acesso, a habitações familiares e equipamentos de referência, são 70 espaços que o público, generalista e não somente arquitectos e estudantes de arquitectura, têm possibilidade de tactear.
As duas primeiras edições foram um sucesso e esta terceira está a ser preparada com a ambição de superar as anteriores, a partir de uma maior diversidade de tipologias possíveis de visitar e com uma maior área de Lisboa abrangida. Num mapa dividido por seis zonas: ocidente, centro histórico, centro, avenidas novas, norte e oriente, o comissário Fernando Sanchez-Salvador apresenta 27 novos espaços, surpreendendo com algumas escolhas que poucos têm como referência, assumindo também este evento como um “canal que abre as portas de espaços qualificados da cidade que não são imediatamente visíveis”. Como exemplo refere-nos um Apartamento na Baixa, evidenciando-o como uma escolha referente a uma “transformação de uma fracção de um edifício pombalino qualificado por si e que o arquitecto João Favila procura na intervenção tirar partido daquilo que é o carácter do próprio espaço, o que é importante para perceber até pedagogicamente que há espaços qualificados que muitas vezes não são os normalmente mais visíveis.”
Dos novos locais destacam-se exemplos de reabilitação como o referenciado pelo comissário mas também alguns edifícios conhecidos da cidade como a Torre de Controlo Marítimo do Porto de Lisboa, do arquitecto Gonçalo Byrne, o Teatro Nacional de São Carlos ou o Cinema Ideal recentemente reaberto ao público com uma recuperação do arquitecto José Neves. Visitas ao bairro serão também inseridas nesta edição como é exemplo o Percurso Pedonal Assistido da Baixa ao Castelo de São Jorge.
Esta iniciativa, que em Portugal é organizada pela Trienal de Arquitectura de Lisboa, faz parte da rede OpenHouse Worldwide, iniciada em 2012 por Victoria Thornton na cidade de Londres e que actualmente já conta com 24 cidades em todo o mundo. De modo a promover o interesse público pelo património construído e a enriquecer a experiência dos participantes, as visitas não contarão apenas com o apoio fundamental de uma equipa de voluntários constituída na sua maioria por alunos de Arquitectura mas muitas serão também comentadas por arquitectos como João Pedro Falcão de Campos, Ricardo Bak Gordon, João Luís Carrilho da Graça e Manuel Graça Dias.
Para esta edição que está a ser coordenada pela arquitecta Inês Marques o site do Lisboa Open House foi renovado de forma a uma melhor gestão de marcações de visitas e uma utilização adaptada aos dispositivos móveis, para uma constante actualização do público a partir de qualquer ponto do evento. Os visitantes são também convidados a participar num concurso de fotografia que é lançado para o Instagram subordinado aos temas interior, exterior, pessoas e detalhe.
Num formato de debate, o Lisboa Open House expande a sua escala de acção e resolve também falar de internacionalização, com o título Arquitectura Portuguesa: Outros Pontos no Mapa. Nesta conversa, moderada por Luís Santiago Baptista, estarão presentes João Santa-Rita, Luís Pedro Silva e José Mateus. Terá lugar na Roca Lisboa Gallery, pelas 18h, no sábado.
Numa semana em que é lançada uma petição pública pela Ordem dos Arquitectos, em defesa da qualidade da prática da arquitectura é urgente captar cada vez mais o olhar do cidadão comum para a diferença de habitar numa cidade onde exista qualidade arquitectónica e como os bons ou maus exemplos podem influenciar tanto as nossas vidas.
As portas estão abertas!