MÚSICA

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Fotografias: Alice Lua e Rita Carmo.

Lugares sentados, baixam as luzes desligam-se os telemóveis e dá-se início ao espectáculo.

Tó Trips assume-se acima de tudo com um guitarrista, e é-o de forma exemplar, parco em palavras, cumprimenta-nos e introduz o primeiro tema, algo feito por Vítor Rua para Adriana Sá, músicas para um Deus desconhecido.

A projecção das imagens é da responsabilidade de Raquel Castro, sua mulher, as imagens são de uma Lisboa melancólica, Cais das Colunas, a guitarra acompanha e deixa-se envolver nessa tela.

Sozinho em palco, leva-nos a viajar num álbum de nostalgias e de memórias.

Agora são projecções de uma África ex-colonial, imagens a preto e branco, aqui dança-se, em contraponto com a Lisboa estática e gelada. Os dedos mexem-se rapidamente por entre as cordas, e as imagens tornam-se cada vez mais rápidas em consonância para aquilo que viria a seguir. A viagem segue rumo a sonoridades mais africanas, é uma Lisboa que vai ficando cada vez mais mulata. As imagens estão em perfeita simbiose com o som.

Tó Trips termina assim deixando aberto o caminho para Kimi Djabaté, músico guineense, que me deixou rendida, assim como todo o auditório.

São vários os instrumentos em palco, guitarras, balofon (uma espécie de xilofone), kora (uma espécie de harpa – alaúde), e no meio um alguidar cheio de água com uma campânula provavelmente em cobre a propagar o som por toda a sala. Acendem-se as luzes e acende-se a esperança, Kimi canta emoção, e menciona as suas raízes com frequência. É fácil vê-lo comovido quando aborda o tema “família” e a capacidade do povo guineense em lidar com os problemas. Estou certa que onde quer que vá, leva consigo um apelo e uma voz de confiança num timbre quente.

Com dois álbuns editados, mostra-se mais feliz com o resultado do segundo, Karam, que vai mais de acordo com as suas origens, provavelmente por ter sido produzido por uma editora direcionada para o que normalmente designam como “world music”.

A opinião sobre Karam parece ser unânime, e as reacções são surpreendentes e felizes, a Billboard, o Boston Globe, o Financial Times e a BBC3 cobriram-no de elogios, Kimi afirma com emoção, perante o público é um homem feliz.

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