MÚSICA

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Fotografias: Alípio Padilha.

Peso o sol, cavalgo estrelas e, entretanto, colho as flores do mal.

Ritz Club, entre mil e uma reaberturas e outras tantas sonoridades que alberg(a)ou ao longo da sua história, de club de jazz aos concertos de punk hard-core da década de 80 – 90 ficará para sempre recordado como casa que viu “nascer” uma das mais inovadores bandas portuguesas – os Capitão Fausto. 28 de Junho de 2012, Segunda Festa Chifre e tournée de apresentação de Gazela, quem lá esteve, tendo ou não invadido o palco, ficou com a certeza de assistir a um fenómeno que, ao contrário de tantos, está para durar e marcar. Havia (há), um culto à volta da banda que não é difícil de justificar e que permitia saltar de concerto em concerto com a memória de momentos inesquecíveis. Idas ao Lux, numa das sessões Black Ballon, Super Bock Super Rock e reviver a sensação de ser fã incondicional, contagiado pela irreverência, pela juventude de cabelos ao vento, pela mensagem e riffs sempre certeiros.

Passados dois anos e com segundo álbum na bagagem Pesar o sol, estes cavaleiros de gazelas indomadas apresentam-se ainda mais afoitos e destemidos, mas nunca perdendo a mestria e coerência de um percurso único e arriscado. Ontem, no Pequeno Auditório do CCB, puseram literalmente “a casa a arder”. Não teria sido necessário Domingos Coimbra, o baixista de cognome “o diplomata”, exclamar “eish tanta gente conhecida!” para se confirmar que com mais ou menos conhecimento mútuo, todos se apresentaram por uma causa: música, diversão e uma desmedida comunhão/celebração cósmica e sempre em pé, que cadeiras é pra meninos. Atente-se não há pretensão alguma de hiperbolização. A primeira projecção, telhado em campo verde sob bruma espessa indiciava convite, ou recorrendo a expressão diplomática – “Queiram fazer o favor de entrar em viagem cósmica”. Vilar de Mouros na época dos proto festivais? Indício de festivais psicadélicos que se aproximam?

As músicas, sobretudo as do segundo álbum, sucedem-se numa cadência electrizante entre os ritmos bem presentes da bateria do “domador da tarola” (Salvador Seabra), e que solo tão magnífico como inesperado já quase no final, os finíssimos riffs de “bela guitarra italiana” de Manuel Palha, as constantes pulsões (acelerações – desacelerações) com direito a pé em Korg de Francisco Ferreira e as reverberações da voz de Tomás “o bode” Wallenstein. Temas como Teresa, Santa Ana são cantados, ou melhor sentidos e saltados, mas também revestidos de novas roupagens que casam, e que bem, com os temas de matriz mais psicadélica como Flores do mal, Célebre batalha de Fomariz e claro está Maneiras más; e que outros, se não eles, capazes de somente a tocar já muito perto do final?

“Podíamos estar aqui 4 horas” provocam. Às quase 2, ninguém se importaria de juntar mais 2 e outras 2. São, sem sombra de dúvida, porta-estandarte de uma geração, de geração não acomodada e múltipla fonte de inspiração, nem que seja para alteração de letra – “Deixem–nos falar / Só nos dão ideias para acreditar / Deixem-nos passar eles são os magníficos Capitão Fausto”.

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