MÚSICA

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Fotografias: Valentina Ernö.

São 20h45 e o espectáculo está perto de começar. A uma quarta-feira, a fila de espera no Musicbox chega até à Rua do Corpo Santo – prenuncia-se um espectáculo de gigantes. Faltam 15 minutos para abrirem as portas, o receio de que os bilhetes estejam esgotados faz com que a tensão, os suspiros e espreitadelas aumentem a cada segundo.

Começa o espetáculo de abertura. O Homem Em Catarse apresenta-se a solo no palco, com uma cadeira, uma melódica e meia dúzia de pedais. O som da guitarra envolve-se em efeitos e a música vai sendo feita de camadas que, ora se adensam e intensificam, ora acalmam e silenciam. De permeio, neste jogo de intensidades, são entoadas em “catarse”, as palavras que nos transportam para as raízes minhotas do “homem”.

Depois da purificação, promete-se a completa abstracção com a banda irlandesa. Assim que se ajustam os volumes dos instrumentos, sabemos que a música não se vai apenas ouvir, mas reverberar por todo o corpo.

Começa o concerto com Beautiful Universe e Master Champion, em grande, não estão para meias medidas. Com as alterações feitas, os temas mais antigos soam frescos. Sente-se que tudo é tocado como se fosse a primeira e última vez.

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A meio do set, entram músicas do novo álbum Heirs. Muda o ambiente, as guitarras têm o dobro da velocidade e as vozes aumentam, o público demonstra ter já assimilado o novo trabalho. Mas foi sol de pouca dura.

Eles sabem porque é que o público veio, pelo que entramos logo a seguir em trabalhos já conhecidos. Momentos pausados seguidos de grandes explosões a que estamos habituados. Os movimentos propagam-se, as cabeças abanam. Temos direito a incursões pelo público. Rory Friers (guitarrista) baixa-se, e nós baixamo-nos também ao ritmo da acalmia musical. Então, a música rompe em nós, todo o Musicbox salta de uma vez.

No fundo And So I Watch You From Afar promete e cumpre – “deram tudo”, ouve-se dizer. Por mais que conheçamos as músicas ficamos surpreendidos pela furtividade dos golpes de som que partem em contratempo os silêncios explorados pela banda.

No fim, o corpo começa a dar conta de si. Fica aquele sabor de amor de verão, de douce melancolie, de uma separação inevitável não obstante todos os momentos terem sido aproveitados ao máximo.

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