Em criança, sonhava ser astronauta, jornalista, escritora, entre muitas outras profissões. Mas foi a paixão pelo desenho que levou Ana Aragão ao curso de arquitectura no Porto. Afinal, com poucos anos de vida era apanhada a desenhar e a riscar as paredes lá de casa. Era brincadeira, dizia a pequena Ana. Mas, a verdade é que a ilustração surgiu muito tempo depois, já na altura do seu doutoramento. Num impulso, quase incontrolável, Ana começou a rabiscar os labirintos do seu pensamento. A arrumar no papel branco a complexidade da sua vida.
Os imaginários de Ana Aragão cruzam-se todos num só tema, o tema da sua vida, as cidades. Mas não são as estruturas da cidade que a fascinam, antes as histórias das pessoas que nelas habitam. Estas suas paisagens urbanas e lugares habitáveis são a sua forma de criar o que não existe, invertendo até as regras da gravidade e da arquitectura. É na cidade, na sua cidade, que a arquitecta, ilustradora, pintora, se revê. É no Porto que se inspira em todos os trabalhos, sejam eles da cidade ou não, já que espelham um pouco daquilo que Ana é neste território.