BOA-VIDA

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Fotografias: António Néu.

Passamos o Inverno a pensar na chegada do Verão ao invés de nos focarmos na melhor forma de passar os dias frios do ano. As escolhas podem ser múltiplas e ir rumo a locais junto ao mar tem o seu charme especial. Não é possível colocar o fato de banho, mas observar o mar bravio pode levar-nos a uma imensidão de pensamentos e à introspecção.

Após alguma pesquisa decidimos rumar a Oeste e foi perto de Santa Cruz que encontrámos o hotel Areias do Seixo. O espaço perfeito para relaxar, descontrair e viver o verdadeiro “dolce fare niente”.

O Hotel Areias do Seixo corresponde a uma espécie de “tailor made”, uma vez que tudo, desde o edifício, à decoração e aos objectos presentes, foram criados e conjugados pelos arquitectos e decoradores de acordo com as indicações e preferências dos seus proprietários. Tudo foi concebido num espaço paradisíaco que previlegia uma relacão entre o mar, o pinhal, as dunas e uma pequena horta na qual criam vegetais nunca antes vistos.

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O projecto que começou a ser delineado há 10 anos atrás abriu as portas em 2010. Gonçalo e Marta são os “pais” desta grande casa que acolhe pessoas de diferentes partes do mundo, é este o espírito do hotel. Em duas semanas fizeram o esquiço e “havia uma vontade de chegar ao resultado final quase como um pintor que vai avançando na sua obra. Algo que foi evoluindo e que fomos sentindo”, contou Gonçalo. Procuravam também uma forma de estar mais ancestral, sendo o próprio espaço uma espécie de anfiteatro. Compraram o terreno, que antes era um aviário em ruínas, e convidaram o arquitecto Vasco Vieira. Fizeram um briefing e deu-se uma boa simbiose entre os três, desde a arquitectura exterior ao interior de cada um dos 14 quartos. Todos eles “peças únicas” e a transpirar romantismo por todos os poros. Um deles é de inspiração africana, cujo nome está em crioulo de Cabo Verde e não consigo reproduzir, mas que em português significa “Meu Amor”. Todos têm uma decoração de acordo com a sua personalidade e há quartos que são perfeitos para um retiro, como por exemplo para quem procura o sossego para escrever num confortável quarto com uma mesa e uma lareira na parte frontal da mesma.

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Ficámos no “Sem Hora Marcada”, que como o nome indica é também uma das filosofias do espaço. Sem pressas, nem correrias, até mesmo para tomar o pequeno-almoço. Não nos forçam a tomá-lo até às 10h ou 11h da manhã para que nos seja possível acordar sem despertador. Na porta de cada um dos quartos encontramos um poema escrito a giz. A nossa porta coube a Shakespeare e o quarto foi concebido de forma a que nos seja possível lá passar um dia inteiro sem sentir os maleficios do tédio. Amplo, com um terraço virado para as dunas num espaço que convida à leitura. No interior uma banheira de hidromassagem com uma lareira em frente. Palavras para quê?!

Na recepção disponibilizam uma série de bibicletas para quem queira explorar a zona. Foi o que fizemos. Começámos a pedalar pela ciclovia e descobrimos miradouros, esplanadas e a Praia do Seixo, que dá nome ao hotel. Após o passeio voltámos para um copo de vinho seguido de um elegante jantar onde degustámos uma série de produtos produzidos na horta. “Focámo-nos muito na parte de produção orgânica do projecto, que está a começar a ficar sólida. Temos um comportamento agrícola sui generis, utilizando os princípios da permacultura. Queremos criar um jardim comestível e também tirar partido do que os recursos naturais nos deixam. Das algas e das espécies existentes nas encostas das arribas”, contou Gonçalo.

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Todo o espaço que envolve o restaurante e o hall é bastante acolhedor e consegue surpreender-nos pelos mais variados detalhes. Gostam de acabamentos bruscos aquecendo o ambiente com materiais mais orgânicos, agrada-lhes essa fusão. Há peças que vieram dos mais variados cantos do mundo como China, Filipinas e Indonésia. Outras, como mesas ou peças de iluminação, foram projectadas pelo próprio Gonçalo. Do conceito fazem parte a sustentabilidade e a reutilização de materiais. Já passaram por um grande temporal, mas aproveitaram os estragos causados criando um candeeiro em forma de hélice de avião com parte do cobre (da cobertura) que foi pelos ares devido ao temporal. Este deu nome ao “Quarto que Voa”.

O primeiro aspecto que faz com que as pessoas queiram conhecer este projecto é o impacto ambiental do local e da sua arquitectura. Há pouco tempo fizeram inclusive um documentário sobre a natureza envolvente e as espécies que surpreendem pela imensa variedade. Têm inclusive uma parceria com a Swarovski e quem quiser perder-se na imensa vastidão da natureza pode levar uns binóculos da marca e observar as mais variadas espécies. Foi o que fizemos no dia seguinte. Passeámos pelas dunas em direcção às arribas e ao mar e pelo meio explorámos a horta repleta de vegetais nunca antes vistos. De volta rumámos ao Spa, onde a terapeuta Marta pôs mãos à obra e nos levou a uma viagem de relaxamento total através da massagem por ela criada: Alma Floral, inspirada na indiana Abyanhga, à qual associou as fragrâncias de jasmim e alfazema. Tratou-se de uma massagem harmoniosa que nos deu a sensação de despir o stress e deixar a leveza entrar. “Costuma dizer-se que andamos de mochilas às costas. Uma massagem tira-nos o peso dessa mochila e leva-nos a uma total descompressão e até mesmo alienação”, contou Marta.

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São várias as razões que fazem com que as pessoas queiram voltar a este “retiro” e uma delas é o conceito família e o acolhimento que oferece. É um projecto de turismo emocional que cria laços. “Já tivemos inclusive a ideia de fazer um passaporte do hotel como se cada quarto fosse uma fronteira”, contou Gonçalo. As pessoas sentem-se em casa e deambulam descontraidamente. Umas estão a ler, outras no quarto, outras na videoteca e ao final do dia encontram-se para um copo de vinho que costumam oferecer às 20h junto à lareira. Este hotel consegue ganhar a empatia dos hoteleiros e das pessoas muito viajadas. “Proibiram-nos” de falar em nomes, mas várias pessoas do mundo da música e do cinema passaram por este espaço. Segundo Gonçalo “fazemos check in de hóspedes e fazemos check out de amigos”. Uma das hóspedes que por lá passou descreveu-o em quatro palavras: “techno, eco, hippie, chic”.

Jantar no Lugar da Horta
Entradas: Legumes asiáticos, com Paprika, Don e Cardamomo, queijo da Serra Gratin e creme de abóbora
Pratos Principais: Rissotto de Peixe e Marisco acompanhado com Quinta de S. Francisco Branco
Costela de Angus com Batatinha a Murro e Salada de Tomate, acompanhado com Pynga Selection Tinto
Sobremesa: Pudim de Ovos

Boa-vida

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